Os 4 pilares do enriquecimento na medicina: aquilo que a faculdade não nos ensinou

Francinaldo Gomes*

Nós, médicos, precisamos enriquecer ao longo da nossa vida. Apesar de nossa principal missão ser cuidar da saúde de nossos pacientes, para que possamos cumpri-la da forma adequada, apenas sermos bons tecnicamente não basta.

Nós geramos empregos, empreendemos e fazemos caridade voluntária. Mais ainda: temos que prover conforto e segurança para nossas famílias, precisamos ter lazer, cuidar da nossa saúde, nos aprimorar dentro e fora da medicina.

Apesar de esses pontos relacionados ao sucesso na profissão serem tão importantes quanto à qualificação técnica, eles não nos são ensinados durante nossa formação. Por conta disso, vivenciamos a constante desvalorização do nosso trabalho, a necessidade de termos mais empregos para mantermos nosso padrão de vida, e temos visto o aumento do tempo gasto com burocracias, do nível de exigência dos prestadores, das regulamentações da profissão e do número de colegas com síndrome do esgotamento e insatisfeitos.

Há os que nos comparam ao “sal de cozinha” por usarmos branco, existirmos em abundância e sermos baratos. Há outros que se tornaram bilionários por saberem explorar uma mão de obra altamente qualificada, porém de baixo custo no mercado (nós, médicos).

Se nos atermos apenas à qualificação técnica, passaremos nossas vidas trabalhando para enriquecer as operadoras de saúde, as cooperativas médicas, as organizações sociais de saúde, os bancos e o governo. Ou seja, seremos eternos escravos.

Para que possamos virar esse jogo, enriquecermos com o nosso trabalho e sermos senhores da nossa profissão, precisamos conhecer e aplicar os quatro pilares do enriquecimento na medicina. Foi o que deu certo para mim e tenho certeza que também dará certo para vocês.

Pilar 1  Finanças

Nós, médicos, sabemos ganhar dinheiro, mas não sabemos cuidar do dinheiro que ganhamos. Por conta disso, ganhamos relativamente bem, mas não enriquecemos. Nós precisamos aprender a fazer nosso dinheiro trabalhar para nós, e não somente ficarmos presos à corrida de ratos de termos que trabalhar para pagar contas.

Ter um planejamento financeiro aliado ao planejamento tributário, construir uma reserva de emergência, proteger nosso patrimônio, criar uma carteira eficiente de ativos financeiros e remunerar esta carteira nos permitirá termos uma fonte de renda passiva. A renda passiva não depende do trabalho e nos permite gastar menos tempo para ganhar dinheiro, já que nosso dinheiro estará trabalhando para nós.

Pilar 2  Marketing e gestão

Nós, médicos, somos vendedores de serviços. Por isso, precisamos aprender a vender adequadamente e nos posicionar corretamente no mercado de trabalho. Neste sentido, temos que construir uma reputação, mostrar nossos diferenciais e ganhar escala, particularmente no ambiente digital. Entretanto, apenas aumentar a renda com o marketing digital não é suficiente. É preciso aprender a criar e gerenciar negócios físicos e digitais, dentro e fora da medicina.

O negócio próprio, seja ele um consultório, seja uma startup na área da saúde ou mesmo negócios fora da medicina, se bem gerenciado e administrado,  também será uma fonte de renda passiva. Nós precisamos aprender a avaliar a viabilidade do negócio, a precificar os serviços prestados, a agregar valor ao negócio, a avaliar a eficiência da gestão, bem como saber como aplicar corretamente o lucro obtido. Com estas medidas, aumentaremos a eficiência do negócio, o qual se tornará sustentável ao longo do tempo.

Pilar 3  Empreendedorismo e inovação

Uma pesquisa publicada na revista Money Inc, em 2016, mostrou que, dos 20 médicos mais ricos do mundo, apenas um enriqueceu exercendo a medicina. Os demais enriqueceram empreendendo dentro e fora da medicina. Nós, médicos, somos empreendedores natos. Mas, infelizmente, nosso perfil empreendedor costuma ser suprimido durante nossa formação, dando lugar ao perfil de consumidor e prestador de serviços.

Nós devemos estar na vanguarda e sermos os protagonistas da criação de negócios e das inovações que ocorrem na área da saúde. Técnicas de empreendedorismo, inovação e escalonamento podem ser vistas nos livros “A estratégia do oceano azul” (Kim e Mauborgne), “Se Disney gerenciasse seu hospital – 9 coisas e meia que você mudaria” (Fred Lee) e “A fórmula de lançamento” (Jeff Walker). De posse destas técnicas, poderemos aprimorar produtos e serviços já existentes e seremos capazes de criar novos produtos, de descobrir e explorar novos nichos de mercado e de tornar a concorrência irrelevante.

Pilar 4  Produtividade pessoal

Uma das maiores reclamações dos médicos é a falta de tempo. Falta tempo para tudo, inclusive para cuidar das finanças. Como a média de empregos que um médico brasileiro possui é 4,0, não é de se estranhar que não haja tempo para qualquer outra atividade. Entretanto, existem técnicas de produtividade pessoal que nos ajudam a ter mais tempo no presente e no futuro.

Entre os maiores ladrões de tempo na nossa vida estão a gestão de pessoas, a gestão de tarefas e a gestão de documentos. Técnicas como getting things done (GTD) nos ajudam a lidar com várias tarefas do cotidiano, particularmente com as que necessitam de pouco tempo (menos de 2 minutos) para serem concluídas. A matriz de Eisenhower é uma excelente ferramenta para lidar com as tarefas que demandam mais tempo, pois ela nos permite  organizá-las com relação à urgência e à importância de cada uma. Por fim, existem vários aplicativos que podem ser usados para gestão de documentos e gestão financeira e que nos permitem economizar segundos e minutos preciosos ao longo do dia e que, ao longo de meses, transformam-se em dias e, ao longo de anos, viram meses, e assim por diante.

As faculdades de medicina nos formam para sermos mão de obra e ferramentas nas mãos do mercado. Se não agirmos para mudar este cenário, pagaremos um preço alto. Para exercermos a medicina que sempre sonhamos e atingirmos o sucesso na carreira, precisamos desenvolver habilidades que vão além da qualificação técnica. Hoje, eu exerço a medicina que sempre sonhei exatamente porque não dependo financeiramente dela.

Uma pesquisa publicada na revista médica Journal of Geronthology, em janeiro de 2020, mostrou que ser rico acrescenta até nove anos à expectativa de vida.

Eu quero exercer a medicina que sempre sonhei e quero viver nove anos a mais. Por isso que eu desenvolvi e aplico os quatro pilares do enriquecimento na medicina. E você?

* Neurocirurgião e educador financeiro. CEO da Saúde + Ação Educação Financeira. Autor de livros sobre enriquecimento com saúde e criador da Estratégia Enriquecer Faz Bem à Saúde. Membro da Comissão de Apoio à Qualificação e Gestão Empresarial da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia.

NOTÍCIAS
MAIS LIDAS

Especialista reforça a importância do diagnóstico precoce desta condição, que pode se manifestar desde a primeira menstruação…
O acolhimento a pessoas que buscam um tratamento de reprodução humana assistida, depois de terem experienciado inúmeras…
Especialista explica se o procedimento pode ser revertido e esclarece outras dúvidas frequentes Dados do Ministério da…
Diagnóstico precoce aumenta em mais de 90% as chances de cura da doença…

CADASTRE-SE PARA RECEBER NOSSA NEWSLETTER E REVISTAS