Por Amanda Vasconcelos @revistaevolution
Atualmente, cerca de 50% dos tratamentos de infertilidade no Brasil já fazem uso de testes genéticos
Hoje, é comum que os pacientes perguntem a seus médicos sobre testes genéticos, fato que tomou maiores proporções a partir de 2016. Com esses testes, é possível avaliar uma ou mais células do embrião para verificar se há anormalidades cromossômicas ou doenças genéticas. Vários fatores, entre eles o impacto de crianças nascendo com microcefalia, fez com que os pacientes procurassem mais informações sobre tudo que se relacionasse a ter um bebê saudável.
A combinação de um paciente mais conectado e exigente, aberto às novidades do mercado, com as inovações genéticas disponíveis fez aumentar o número de pessoas que procuram por clínicas de reprodução humana que possuem os testes genéticos no seu protocolo.
É o caso, por exemplo, de M.H.L. Após três anos de insucessos ao tentar engravidar, quando ela finalmente procurou uma clínica de reprodução humana, descobriu que, no orçamento, não constava o teste genético. Foi, então, que convenceu o marido a buscar uma clínica em outra cidade. “Em São Paulo, tem clínica que faz o teste genético”, diz.
Mercado em crescimento O mercado brasileiro tem se destacado pela adoção dos testes genéticos. Este ano, os números devem chegar a 55% dos ciclos. Até 2030, dados da IVF Brazil, consultoria especializada neste mercado, estimam que 92% de todos os tratamentos de reprodução assistida deverão ter embriões geneticamente testados.
Mas quais foram os motivos que impulsionaram esse crescimento?
Direcionadores do crescimento do mercado de testes genéticos em reprodução humana; Aumento da conscientização dos pacientes acerca da prevenção de doenças raras, genéticas, para ter um filho saudável; Aumento das chances de implantação e, consequentemente, evolução da gravidez; Interesse das clínicas em ofertar um portfólio de testes que atendam às expectativas dos seus pacientes; Facilidade de conexão do laboratório de embriologia e genética; Aconselhamento genético para os pacientes ofertado por clínicas e provedores; Ciência baseada em evidência confirma as vantagens de embriões biopsiados; Testes menos invasivos e com mais conforto para os pacientes; Chegada de novas empresas no mercado tende a aumentar a competição por serviços e preços.
Novidades no mercado podem aumentar a segurança, a eficiência e a procura por parte dos pacientes A chegada do Embrace, novo teste genético da Igenomix que analisa o embrião em seu meio de cultivo no laboratório de FIV sem a necessidade de biópsia, representa um marco no desenvolvimento da medicina reprodutiva. Com ele, pacientes sem indicação para o PGT-A, um estudo genético do embrião que pode ajudar a ter um bebê saudável, ou inseguras quanto à biópsia embrionária realizada no PGT-A, podem ter acesso à informação sobre a saúde cromossômica do embrião, que é um dos principais fatores de perdas gestacionais e falhas de implantação.
Também podemos citar o painel de portadores (CGT). Quando realizado pelo casal, possibilita a análise da compatibilidade genética para identificar se, no DNA dos progenitores, existem mutações genéticas em comum que elevam o risco de doenças nos descendentes. Este painel foi abordado inclusive pela revista científica Fertility and Sterility, em um artigo que trouxe especialistas a favor e contra seu uso na avaliação do risco de transmissão de doenças genéticas hereditárias de herança autossômica recessiva para a população em geral.
Compilamos as principais diferenças entre o PGT-A e o Embrace. Confira a seguir. PGT-A Embrace Sensibilidade e especificidade dos resultados superiores em 98% dos casos Concordância de até 85% em relação ao PGT-A Analisa o DNA completo extraído de células biopsiadas do embrião Analisa fragmentos de DNA liberado pelo embrião na gota onde ele se desenvolve
Requer uma biópsia embrionária e um procedimento invasivo Realizado sem biópsia ou qualquer procedimento invasivo Muito estável em relação à capacidade de extração do DNA, garantindo uma alta taxa de resultados válidos Requer um protocolo de máxima proteção contra a contaminação de DNA, que representa risco de resultados falso-negativos Custo mais elevado pela necessidade de equipamentos no laboratório de FIV, como laser, e embriologistas seniores treinados Sem custo adicional da biópsia
A medicina de precisão ampliou os testes genéticos para outras especialidades objetivando alcançar as chamadas doenças raras
Com uma abordagem de precisão para os diferentes momentos da vida, os testes genéticos podem ser acessados para a preconcepção, a pré-implantação, o pré-natal, o período neonatal, a infância e a fase adulta. Essa abordagem revelou um mercado ainda muito novo, mas potencialmente grande no Brasil, que vale cerca de R$ 285 milhões. Já o mercado mundial representa cerca de US$ 15 bilhões em 2021 e deverá alcançar US$ 32 bilhões em 2027, segundo dados da GM Insights Global e da IVF Brazil.
Créditos Imagem: Igenomix.