O relatório divulgado recentemente pela Organização Mundial da Saúde (OMS) traz um alerta: um em cada seis adultos possui infertilidade. Esse número representa 17,5% da população mundial, além da necessidade de serem tomadas medidas para que o acesso a tratamentos e informações sobre o assunto aumentem.
A OMS utilizou 133 estudos e uma base de dados colhidos entre os anos de 1990 a 2021 para compor o relatório.
Diagnóstico
O mestre em medicina reprodutiva, Dr. Matheus Roque, afirma que após um ano de tentativa, o casal que não conseguiu engravidar mesmo mantendo relações sexuais frequentes, deve procurar auxílio médico para confirmação da doença. O mesmo deve ser feito em relação a mulheres acima dos 36 anos que não obtiverem sucesso após 6 meses de tentativas.
“A infertilidade é uma doença que afeta de 15 a 20% dos casais. São mais de oito milhões de brasileiros que são atingidos por ela. É uma doença cheia de tabus, preconceitos, silenciosa e que não se fala abertamente sobre ela. Esse relatório é extremamente importante para que se possa dar a atenção devida a esse problema mundial”, afirma Roque.
De acordo com mestre em medicina reprodutiva, em cerca de 10 a 15% dos casais que apresentam infertilidade, não há uma causa encontrada para o quadro. Já sobre casais que descobrem, um terço é relacionado a fatores masculinos, um terço a fatores femininos e o restante a associação desses fatores. As principais causas da infertilidade feminina são divididas em: alterações tubárias, alterações na ovulação, alteração no útero, endometriose e idade da mulher.
“Atualmente, um fator muito importante tem relação com a idade. As mulheres estão retardando cada vez mais a gestação, fazendo com que diminuam as chances de gravidez e aumentem os riscos de aborto. Isso ocorre por uma diminuição na quantidade dos óvulos com o avançar da idade da mulher”, aponta o especialista.
Já nos homens, a maioria dos fatores associados à infertilidade masculina são desconhecidos, mas existem algumas doenças que também contribuem para o quadro infértil como a varicocele, hipogonadismo, infecções urogenitais, entre outros. O espermograma é um exame primordial na avaliação da infertilidade conjugal.
“O espermograma deve ser realizado após um período de abstinência de 2 a 7 dias, segundo recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde). Também é importante frisar que o exame não é um atestado de infertilidade ou de esterilidade, mas serve para direcionar qual a melhor forma de tratamento para o casal”, ressalta o médico.
Reprodução assistida
Após a confirmação da infertilidade e de sua possível causa, Roque ressalta que é necessário avaliar se há alguma maneira de corrigi-la e, dessa forma, aumentar as chances de uma gravidez natural. Caso isso não seja possível, técnicas de produção assistida podem ajudar.
“Existem alternativas de tratamento, por exemplo, com a fertilização in vitro. Na FIV, a gente não corrige esse problema, a gente está passando por cima desse
problema para potencializar as chances. Hoje, o que mais traz chances de sucesso, mais chances de gravidez é FIV”, conclui.
A fertilização in vitro é uma das técnicas de reprodução assistida mais utilizadas atualmente e que mais possuem sucesso. Consiste na fecundação do óvulo com espermatozóide em laboratório. Dessa forma, os embriões são cultivados, selecionados e transferidos para dentro do útero. Ela é indicada para casos de mulheres com idade avançada, endometriose, falência ovariana, homens com baixa contagem de espermatozoides, ausência de gametas no sêmen, casais homoafetivos e entre outros.