Endometriose pode ser melhor tratada com uso de apps

Por meio de algoritmos, aplicativo tenta diminuir o longo tempo para o diagnóstico da doença. Plataforma é a única do país voltada especificamente à doença

O diagnóstico da endometriose no Brasil leva cerca de sete anos para ser feito, contados do início dos sintomas, segundo a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) – um período extenso que pode dificultar o tratamento, agravar casos e deixar sequelas. Para diminuir esse tempo e facilitar o diagnóstico precoce, além de democratizar o acesso ao acompanhamento da endometriose, um grupo de médicos brasileiros e de outros países desenvolveu o Endolife, um aplicativo que usa algoritmos para ajudar a mulher a fazer uma autoavaliação e, se for o caso, buscar ajuda profissional.

“A ferramenta possui diversas informações sobre a doença e um algoritmo validado, com perguntas simples, para uma autoavaliação sem dificuldades. Ao se cadastrar no aplicativo, a mulher insere informações periódicas que ajudam a monitorar sintomas e, assim, é possível ter uma suspeita diagnóstica. A partir disso, o aplicativo recomenda a procura por um médico para uma real avaliação”, explica o ginecologista Patrick Bellelis, colaborador do setor de endometriose do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo e co-fundador do Endolife.

No mundo todo, somente mais dois aplicativos são especificamente voltados ao tema, um desenvolvido na França e outro na Austrália, mas não possuem as mesmas funcionalidades do Endolife. E o diagnóstico não é a única funcionalidade do app brasileiro. Ele também auxilia a mulher em todo o ciclo da doença. É possível acompanhar o ciclo menstrual e obter orientações diversas de uma equipe multiprofissional, além de indicações de profissionais qualificados, relatórios clínicos, orientações durante crises e cuidados nos casos de cirurgia.

“A ideia é agregarmos ao aplicativo cada vez mais recursos que possam ajudar no diagnóstico, no tratamento e na informação e bem-estar das usuárias. Para isso, estamos em contato constante com associações de portadoras da doença para melhorar o aplicativo e desenvolver novas funcionalidades”, afirma o especialista.

No Brasil, uma em cada dez mulheres sofre de endometriose, segundo o Ministério da Saúde. A doença tem como característica o crescimento do revestimento interno do útero para outros órgãos. Durante o período menstrual e até mesmo fora dele, a maioria das mulheres afetadas sofre com fortes cólicas. É possível sentir também dor durante o sexo e dificuldade para engravidar, entre outros sintomas.

Por enquanto, o Endolife está disponível para download somente no Brasil e em português, mas já está em fase de tradução para o inglês e espanhol, para que possa ser disponibilizado em outros países.

Além de Bellelis, mais oito profissionais brasileiros participaram da criação da solução – Guilherme Karam, Rodrigo Fernandes, Willian Kondo, Fábio Ramajo, Mariana da Cunha Vieira, Cláudia Rocha e Raquel Magalhães, além do mexicano Ramiro Cabrera e do professor francês Arnaud Wattiez.

Clínica Bellelis – Ginecologia

O ginecologista Patrick Bellelis é Doutor em Ciências Médicas pela Universidade de São Paulo (USP); graduado em medicina pela Faculdade de Medicina do ABC; especialista em Ginecologia e Obstetrícia, Laparoscopia e Histeroscopia pela Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo); além de ser especialista em Endoscopia Ginecológica e Endometriose pelo Hospital das Clínicas da USP. Possui ampla experiência na área de Cirurgia Ginecológica Minimamente Invasiva, atuando principalmente nos seguintes temas: endometriose, mioma, patologias intrauterinas e infertilidade. Fez parte da diretoria da Associação Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva (SBE) de 2007 a 2022, além de ter integrado a Comissão Especializada de Endometriose da FEBRASGO até 2021. Em 2010, tornou-se médico assistente do setor de Endometriose do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia do Hospital das Clínicas da USP; em 2011, tornou-se professor do curso de especialização em Cirurgia Ginecológica Minimamente Invasiva — pós-graduação lato sensu, do Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Sírio Libanês; e, desde 2012, é professor do Instituto de Treinamento em Técnicas Minimamente Invasivas e Cirurgia Robótica (IRCAD), do Hospital de Câncer de Barretos.

 

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