Endometriose: saiba como identificar os sintomas

Ginecologista da BP relaciona o impacto da vida contemporânea com o aumento de casos de casos da enfermidade, incluindo fatores de risco como estresse, ansiedade, e fluxo menstrual elevado

A endometriose, uma doença crônica que afeta de 10% a 15% das mulheres em fase reprodutiva, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), pode causar dores lancinantes e infertilidade, chegando a afetar mais de 8 milhões de brasileiras, conforme estima o Ministério da Saúde. Apesar da taxa ser similar à da diabete, o diagnóstico muitas vezes ocorre tardiamente devido à negligência dos sintomas. “A rotina caótica da vida contemporânea tem impactado na falta de tempo para cuidados pessoais, e o estresse e a ansiedade também podem afetar o sistema imunológico, favorecendo o desenvolvimento da doença”, analisa Mauricio Abrão, ginecologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, um dos principais hubs de saúde de excelência do país, e uma das grandes referências mundiais no tratamento da doença.

Além das causas imunológicas, o médico da BP comenta sobre como o movimento de tardar a gravidez e ter menos filhos pode prolongar o fluxo menstrual, o que influencia no aumento dos casos. “Quando a mulher menstrua, o tecido endometrial que reveste a cavidade do útero é eliminado, podendo refluir e se implantar na cavidade abdominal pelas tubas uterinas, ao invés de descer pela vagina e sair do corpo”. Em um comparativo com o século XIX, calcula-se que as mulheres não menstruassem mais do que 40 a 50 vezes ao longo da vida, enquanto atualmente chegam a cerca de 400 a 500 vezes.

Anteriormente, acreditava-se que a gravidez seria a solução para a doença. No entanto, Abrão explica que, na verdade, o que ocorre é uma proteção momentânea que dura apenas nos meses da gestação e amamentação, quando a menstruação é interrompida. De acordo com o ginecologista, a endometriose pode gerar complicações para engravidar por razões de aderência, dificuldade para ovular e redução da mobilidade do embrião. “O ambiente endometrial pode ser menos receptivo para o embrião se implantar e, se a mulher engravidar, aumentam as chances de abortamento”.

Na endometriose, fragmentos semelhantes ao tecido endometrial crescem para fora do útero, provocando uma inflamação com graves consequências para a qualidade de vida das mulheres, que pode resultar em dores pélvicas, dores nas relações sexuais, alterações intestinais e dificuldade para engravidar. O primeiro indício geralmente é uma cólica severa ou incapacitante, mas mesmo apresentando o sintoma, há uma dificuldade no diagnóstico quando os médicos menosprezam ou têm dificuldade de ouvir o relato da paciente – conhecido como o fenômeno do gaslighting. “Devemos combater firmemente esse comportamento e valorizar os sintomas da paciente”, afirma Abrão.

Os procedimentos não invasivos na linha primária de suspeita da endometriose são o exame físico e o ultrassom transvaginal com protocolo para endometriose, que foi desenvolvido pela equipe de Abrão. No exame de imagem, são analisadas anormalidades nos ovários, tubas uterinas, útero e canal vaginal. O preparo intestinal é um ponto importante para garantir a precisão dos resultados, por isso a paciente deve seguir uma dieta pastosa no dia anterior. O ginecologista da BP comenta que a parceria com o radiologista permite uma abordagem multidisciplinar, contribuindo para o diagnóstico da doença. O tratamento deve considerar não somente a cura do órgão, mas também priorizar aspectos relacionados ao estresse, exercícios físicos e cuidados emocionais da mulher.

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