Doença é mais comum no aparelho reprodutivo, mas pode atingir pulmão, fígado e até mesmo o coração em casos mais raros
Uma em cada dez mulheres em idade reprodutiva sofre de endometriose. Apesar da alta incidência, o diagnóstico ainda é uma grande preocupação, pois pode levar até dez anos para ser feito. Normalmente, a doença é associada cólicas abdominais, já que ela é caracterizada pelo crescimento do tecido semelhante ao da parede uterina para fora do útero, causando dor durante e fora do período menstrual. O que pouca gente sabe, é que ela pode se estender para diferentes órgãos do corpo, alguns distantes do aparelho reprodutor.
O que acontece com a endometriose é que há momentos em que os restos da menstruação não são expelidos adequadamente e são liberados nas trompas de falópio ou no interior da pélvis. Isso faz com que o endométrio comece a crescer sobre outros órgãos além do útero, formando manchas de tecido endometrial. Esse tecido se insere e se desenvolve em áreas periféricas como ovários, intestino, bexiga, e em casos mais raros pode invadir áreas mais distantes como o pulmão, fígado e até mesmo o coração.
“Casos em que a endometriose ocorre em órgãos mais distantes do aparelho reprodutor não são tão comuns, mas podem acontecer. É uma condição que precisa de atenção. É possível que a endometriose não se limite apenas à superfície, mas que afete o interior do órgão. Este seria um tipo mais grave de endometriose, conhecida como endometriose infiltrativa profunda, que poderia impedir o bom funcionamento do órgão”, enfatiza o médico Patrick Bellelis, colaborador do setor de endometriose do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo.
O mais importante, segundo o especialista, é a mulher estar atenta aos sinais e procurar uma avaliação médica o quanto antes. “É muito comum a normalização de alguns sintomas, sobretudo as cólicas, mas este é um erro que acaba atrasando o diagnóstico. Ao procurar avaliação médica, serão feitos exames específicos, como ultrassom ou ressonância magnética, e a partir daí é indicado o melhor tratamento, que pode ser hormonal ou em alguns casos, cirúrgico. A endometriose pode causar dor em outras partes do corpo, na lombar e até mesmo no ombro, por isso, é fundamental ter atenção.”
Clínica Bellelis – Ginecologia
O ginecologista Patrick Bellelis é Doutor em Ciências Médicas pela Universidade de São Paulo (USP); graduado em medicina pela Faculdade de Medicina do ABC; especialista em Ginecologia e Obstetrícia, Laparoscopia e Histeroscopia pela Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo); além de ser especialista em Endoscopia Ginecológica e Endometriose pelo Hospital das Clínicas da USP. Possui ampla experiência na área de Cirurgia Ginecológica Minimamente Invasiva, atuando principalmente nos seguintes temas: endometriose, mioma, patologias intrauterinas e infertilidade. Fez parte da diretoria da Associação Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva (SBE) de 2007 a 2022, além de ter integrado a Comissão Especializada de Endometriose da FEBRASGO até 2021. Em 2010, tornou-se médico assistente do setor de Endometriose do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia do Hospital das Clínicas da USP; em 2011, tornou-se professor do curso de especialização em Cirurgia Ginecológica Minimamente Invasiva — pós-graduação lato sensu, do Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Sírio Libanês; e, desde 2012, é professor do Instituto de Treinamento em Técnicas Minimamente Invasivas e Cirurgia Robótica (IRCAD), do Hospital de Câncer de Barretos.