Ciclos de FIV aumentaram 46,4% em 11 anos

Procedimento, que completa 40 anos no país, é indicado para casais com problemas para engravidar, homoafetivos, trans e pessoas com doenças genéticas

Segundo dados do último relatório do Sistema Nacional de Produção de Embriões (SisEmbrio- 2023) analisados pela Associação Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA), o número de ciclos de Fertilização in vitro (FIV) tem crescido de forma acelerada no Brasil. De 2013 a 2023 houve um aumento de 46,4%. Estabelecida no Brasil há exatos 40 anos, somente em 2023 foram realizados mais de 51 mil ciclos de fertilização.

Dados da Rede Latino-Americana de Reprodução Assistida (REDLARA) corroboram que o Brasil é o líder no ranking de (FIV), inseminação artificial e transferência de embriões, além de seus dados concentrarem 40% dos centros de reprodução assistida da América Latina.

“A FIV é um método de reprodução assistida denominado de alta complexidade, no qual a fertilização do óvulo pelo espermatozoide ocorre em laboratório em vez de na trompa ou tuba uterina da mulher. Após a fertilização, os embriões selecionados são transferidos para o útero da mulher”, explica a médica especialista em reprodução assistida e diretora da Clínica FERTIPRAXIS, Dra. Maria do Carmo de Souza.
A FIV pode ser utilizada por diferentes configurações familiares. “A FIV é indicada para casais com problemas de fertilidade, homoafetivos, trans e pessoas com síndromes hereditárias na família que precisam fazer a análise genética para evitar passar o gene para a prole”, complementa a médica. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) 1 em cada 6 pessoas em todo o mundo sofre de infertilidade.

Segundo a SBRA, a infertilidade é definida como a incapacidade de conceber após um ano de relações sexuais regulares sem o uso de contraceptivos. Pode afetar homens e mulheres, sendo causada por diversos fatores, incluindo problemas físicos, hormonais, genéticos ou relacionados ao estilo de vida.

A especialista em reprodução humana da Clínica FERTIPRAXIS, Dra. Maria do Carmo, reitera que é preciso avaliar a saúde do casal com exames específicos para identificar a causa da infertilidade e definir a técnica mais adequada dentro da reprodução assistida.

A FIV clássica e a ICSI

O tratamento para a fertilização in vitro envolve o estímulo hormonal do processo ovulatório, acompanhamento por ultrassonografias transvaginais e a coleta dos óvulos sob sedação. O processo leva em média de 8 a 12 dias. No mesmo dia da retirada dos óvulos, homem coleta o sêmen ou disponibiliza uma amostra já armazenada no laboratório. A partir desse momento, os espermatozoides passam por um processo de seleção, para identificar os de melhor qualidade.
“Existem dois tipos de FIV: a clássica na qual são colocados um óvulo para cada de 100-150 mil espermatozoides em cada placa, deixadas em uma incubadora por um período determinado para que a fecundação ocorra naturalmente. E a FIV por injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI), no qual o espermatozoide é injetado diretamente em cada óvulo. A fertilização in vitro por ICSI é o procedimento de reprodução assistida mais frequente, sendo que as taxas de gravidez chegam a cerca de 50- 60% nos melhores casos”, esclarece a médica.

Ovodoação

A FIV pode ser realizada com óvulos próprios da mulher ou de uma doadora jovem.
“É recomendado que todas as mulheres jovens façam uma avaliação da sua reserva ovariana. Esse rastreio pode ser a diferença entre conseguir engravidar futuramente com óvulos próprios ou precisar recorrer a óvulos doados”, ressalta o também especialista em reprodução humana e diretor da Clínica FERTIPRAXIS, Dr. Roberto de Azevedo Antunes.

“É uma situação delicada entender e aceitar essa limitação temporal. Mas, ao mesmo tempo, é a oportunidade de realizar o sonho de constituir uma família quando a natureza impõe um limite fisiológico. Nessa situação, recorremos a um banco de óvulos”, afirma o também especialista em reprodução humana e diretor da Clínica FERTIPRAXIS, o Dr. Marcelo Marinho. “Normalmente, os serviços de reprodução humana obtêm oócitos, popularmente conhecidos como óvulos, através de doações espontâneas e altruistas de pacientes que participam dos programas de fertilização in vitro” ou no compartilhamento quando ocorre uma troca para congelar óvulos, reitera.

No Brasil, o Conselho Federal de Medicina (CFM), por meio da Resolução N° 2.320/2022, estipulou normas que regulamentam os programas de doação de óvulos, determinando que o ato não pode ter caráter financeiro, assim como a doação de sangue, órgãos e tecidos, e deve preservar o anonimato da doadora.

Ou seja, no Brasil, a doação não tem caráter comercial e os doadores não devem conhecer a identidade dos receptores, e vice-versa. O sigilo sobre a identidade dos doadores de gametas e pré-embriões, assim como dos receptores, é obrigatório, exceto na doação de gametas ou embriões para parentesco de até 4º(quarto) grau e em situações especiais, como por motivos médicos, preservando a identidade civil do doador.
“A escolha do material é de responsabilidade de cada unidade, que deve garantir a maior semelhança fenotípica e imunológica, além da máxima compatibilidade possível com a receptora. No caso de um casal infértil doador, este deve assinar um consentimento informado autorizando a doação de óvulos”, explica Marcelo.

Além da idade, quais são as outras razões para uma mulher receber óvulos doados?

Para a Dra. Maria do Carmo, que foi presidente da Rede Latino-Americana de Reprodução Assistida (REDLARA), outras situações podem indicar o uso de óvulos de doadora, como a ausência congênita ou retirada cirúrgica dos ovários; doenças genéticas transmissíveis; falhas repetidas de tratamentos de fertilização in vitro devido à má resposta ovariana ou embriões de baixa qualidade e menopausa precoce.

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