Procedimentos são alternativas para que o sonho de ter filhos se mantenha após superação da doença e devem ser realizados antes do início dos tratamentos
São Paulo, fevereiro de 2025 – Para o triênio 2023-2025, são esperados cerca de 704 mil novos casos de câncer por ano no Brasil, segundo o INCA (Instituto Nacional de Câncer). Diante deste cenário, a importância de informar os pacientes sobre a possibilidade de preservação da fertilidade para homens e mulheres que sonham com a maternidade após tratamentos oncológicos e os efeitos colaterais da quimioterapia e da radioterapia, se torna cada vez mais essencial.
A quimioterapia, embora eficaz, pode comprometer a produção de espermatozoides. “Os medicamentos utilizados podem danificar o DNA e a estrutura celular dos testículos, resultando em uma redução significativa na contagem e qualidade dos espermatozoides. Em alguns casos, pode ocorrer ausência temporária ou permanente de espermatozoides, dependendo do tipo e da dosagem da quimioterapia”, explica o Dr. Maurício Chehin, especialista em reprodução assistida do Grupo Huntington.
Já a radioterapia, que utiliza radiações ionizantes para eliminar células cancerígenas, também pode afetar a fertilidade quando direcionada à região pélvica, danificando diretamente os tecidos responsáveis pela produção de espermatozoides, com efeitos colaterais variando conforme a dose e a localização da radiação.
No caso das mulheres, os tratamentos oncológicos podem danificar os óvulos e os folículos ovarianos, diminuindo a reserva ovariana e a quantidade disponível para fertilização. Além disso, podem causar irregularidades no ciclo menstrual e até menopausa precoce, bem como problemas de fertilidade futura em adolescentes ou crianças que passaram por quimioterapia ou radioterapia antes da puberdade.
Preservação da fertilidade antes do início dos tratamentos
Para homens e mulheres diagnosticados com câncer, há opções de preservação da fertilidade antes do início dos tratamentos. A técnica de criopreservação do sêmen, por exemplo, é um processo que envolve o congelamento e armazenamento de espermatozóides. Segundo o Dr. Chehin, ela é utilizada para preservar a fertilidade masculina, permitindo que o sêmen seja mantido por longos períodos sem perda significativa de viabilidade, garantindo a possibilidade de concepção futura. Após o congelamento, o paciente pode recorrer à inseminação artificial ou a fertilização in vitro.
A criopreservação de óvulos e tecidos ovarianos, além da supressão medicamentosa da função ovariana, oferecem alternativas viáveis para que o sonho da maternidade seja realizado após a superação do câncer. “A oncofertilidade proporciona a mulheres que enfrentam a doença a oportunidade de planejar uma gestação futura, apesar dos riscos que os tratamentos podem representar para a fertilidade. Com os avanços nas técnicas de preservação de óvulos, embriões e tecido ovariano, as mulheres, inclusive as mais jovens, que ainda não planejam uma gestação podem se sentir mais seguras para sonhar com a maternidade após a superação da doença, tendo a chance de que os planos e desejos para a vida familiar sejam alcançados”, conclui o especialista.