Muitas mulheres acreditam que o fato de já terem um filho seria uma garantia de uma segunda gravidez. No entanto, a realidade é que, em muitos casos, a chegada do segundo filho pode não ocorrer tão rapidamente quanto o esperado. A especialista em reprodução assistida, Cláudia Navarro, explica que a infertilidade secundária, como é conhecida, envolve uma série de fatores.
Um desses fatores pode ser o intervalo entre as gestações. Pode ocorrer que, durante esse período, haja mudanças tanto no corpo da mulher, quanto no do parceiro, que afetam a fertilidade. Cláudia Navarro destaca que a idade também pode ser um fator que dificulta uma segunda gravidez. A capacidade reprodutiva feminina diminui significativamente após os 35 anos. Então, uma mulher que teve seu primeiro filho jovem, pode encontrar dificuldades para conceber novamente após essa idade.
Mais fatores da infertilidade secundária
Outra possibilidade é o surgimento de miomas ou pólipos no útero. Os miomas uterinos, são tumores benignos e muito comuns. Segundo a Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia – Febrasgo, o mioma atinge cerca de 50% das mulheres ao longo da fase reprodutiva. Os sintomas mais comuns são: dor pélvica, sangramento uterino anormal. Apesar de serem comuns, os miomas raramente são a causa da infertilidade. Por isso, é preciso que se pesquise outros fatores que possam estar contribuindo com a infertilidade
Problemas com o sêmen do parceiro também devem ser considerados. Por algum motivo, como infecções e traumatismos locais, a qualidade do esperma pode ser afetada. “A concentração de espermatozoides pode diminuir ou eles podem ter alterações na motilidade. Por isso, mesmo aqueles homens que já são pais devem fazer o espermograma, além dos exames habituais da mulher”, explica a médica.
Cláudia Navarro destaca que, após um ano de tentativas sem sucesso, o casal deve buscar ajuda médica, caso a mulher tenha até 35 anos. Para casais em que a mulher tem acima dos 35 anos, a espera deve ser de apenas 6 meses. “E é importante lembrar que a infertilidade afeta tanto homens quanto mulheres, portanto, ambos devem realizar exames”, afirma.
Cuidado psicológico na infertilidade secundária
Além das questões físicas, é importante cuidar da saúde mental durante esse processo. A especialista ressalta que é comum que as mulheres enfrentem frustração e uma série de emoções ao perceberem que não estão conseguindo engravidar novamente. “Elas, muitas vezes, chegam a essa jornada com expectativas elevadas e acreditam que será fácil conceber novamente”, diz a médica.
Assim, quando meses se passam e a gravidez não ocorre, a mulher começa a se questionar e a se perguntar por que isso está acontecendo. “É nesse momento que o apoio psicológico pode ser extremamente importante”, afirma.
Sobre Cláudia Navarro
Cláudia Navarro é especialista em reprodução assistida. Graduada em Medicina pela UFMG, titulou-se Mestre e Doutora em Medicina (obstetrícia e ginecologia) pela instituição federal. E, durante muitos anos, trabalhou ao lado do Prof. Aroldo Fernando Camargos, desde a fundação do Laboratório de Reprodução Humana do Hospital das Clínicas da UFMG – HC.
Atualmente, a médica atua na área de reprodução humana na Life Search, trabalhando principalmente os seguintes temas: infertilidade, reprodução assistida, doação e congelamento de gametas.