Dores durante relações sexuais? Pode ser endometriose

Doença diagnosticada em famosas, como a cantora Anitta, afeta de 10 a 15% das mulheres em idade reprodutiva e é tema da campanha Março Amarelo

Por ocasião do Dia Internacional da Mulher, celebrado no dia 8 de março e da campanha Março Amarelo, de conscientização sobre endometriose, a Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) destaca a importância do cuidado com a saúde das mulheres e, particularmente, com essa doença. Recentemente, presenciamos diversas notícias de celebridades que relataram a dificuldade que tiveram com o diagnóstico de endometriose.
O tema ganhou espaço, inicialmente, no ano passado, quando a cantora Anitta revelou pelas redes sociais o seu diagnóstico e divulgou a cirurgia que fez para amenizar os efeitos da doença em seu corpo. Além dela, personalidades como as apresentadoras Patrícia Poeta, Giovanna Ewbank, a atriz Larissa Manoela e a cantora Wanessa também já compartilharam suas experiências convivendo e tratando da endometriose.
“Apesar de ser uma doença benigna, a endometriose traz diversas consequências incapacitantes e está associada a uma causa importante de sofrimento nas mulheres”, aponta Dra. Karla Kabbach, ginecopatologista associada à SBP.
No geral, dentre os principais sintomas, podemos elencar dor pélvica antes ou durante o período menstrual, dor durante ou depois de relações sexuais e alterações para urinar ou evacuar, principalmente durante o período menstrual.  “Nós observamos diversas mulheres que não tem esse diagnóstico e sofrem muitas dores no periodo menstrual e em relações sexuais”, diz a Dra. Karla.
Assim, muitas mulheres com endometriose acreditam, como Anitta contou acreditar por anos, que as dores que sentem são normais. É um dos fatores que dificulta o diagnóstico, assim como o de que há também mulheres com a doença e sem qualquer sintoma. Na dúvida, em caso de dores durante ou após as relações sexuais, relate a seu ginecologista. Ele poderá pedir novos exames até que um médico patologista confirme o diagnóstico.
“A confirmação diagnóstica de endometriose se dá através da análise microscópica de peças cirúrgicas operadas pelo ginecologista, em caso de suspeita da doença”, diz a Dra. Karla Kabbach. “Deve-se identificar histologicamente a presença de tecido endometrial (glândulas e/ou estroma) em localização não habitual, ou seja, fora do útero. Dessa forma, somente o patologista, médico especialista treinado para realizar diagnóstico histológico, consegue dar um laudo definitivo sobre a doença e também de condições neoplásicas associadas à ela”, conclui Dra. Karla.
De acordo com o Ministério da Saúde, a estimativa é de que uma a cada 10 mulheres em idade reprodutiva sofrem com os sintomas da doença e desconhecem a sua existência. Em 2021, mais de 26,4 mil atendimentos foram feitos no Sistema Único de Saúde (SUS), e oito mil internações registradas na rede pública de saúde.
A endometriose é uma condição na qual o endométrio, mucosa que reveste a parede interna do útero, cresce em outras regiões do corpo. Todos os meses, o endométrio fica mais espesso para que um óvulo fecundado possa se implantar nele. Quando não há gravidez, esse endométrio que aumentou descama e é expelido na menstruação.
Quando a mulher sofre de endometriose, algumas dessas células do endométrio, ao invés de serem expelidas, migram no sentido oposto e caem nos ovários ou na cavidade abdominal, onde voltam a se multiplicar e a sangrar. Assim, as células do endométrio também podem se espalhar e crescer em outras partes do corpo, como no intestino, no reto, na bexiga, no peritônio e até mesmo em órgãos distantes, como o pulmão e o cérebro.
Endometriose e gravidez
A endometriose e a gravidez são duas coisas que estão intimamente relacionadas. Essa doença também é uma das principais causas de infertilidade feminina, afetando o sonho de muitas mulheres de ser mãe. Quando as células endometriais começam a crescer em órgãos importantes para a concepção, como nas trompas e nos ovários, o processo inflamatório decorrente da doença resulta na criação de aderências e cicatrizes nesses locais.
Como consequência do crescimento de tecido cicatricial, mudanças anatômicas ocorrem, as quais impedem o funcionamento das trompas, onde ocorre a fecundação. Nos ovários, a qualidade do óvulo e a ovulação também são prejudicadas.
Para as mulheres com endometriose que conseguiram engravidar, há um risco maior de gravidez ectópica e aborto espontâneo. Após as 24 semanas de gestação, essas mulheres também apresentam mais chances de sofrer complicações, como hemorragias e parto prematuro.
Por esse motivo, essas gestantes devem ser acompanhadas durante toda a gravidez. Procure seu médico para receber as recomendações adequadas e o melhor tratamento para o seu caso. Assim, é possível ter o total controle sobre a situação e uma gestação mais segura.

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