Cannabis medicinal pode ser alternativa no tratamento de endometriose

Estudos apontam que a planta age na diminuição da dor e do desenvolvimento de células da doença No Brasil, cerca de 15% das mulheres são acometidas pela endometriose, ou seja, 6,5 milhões de brasileiras por ano. Segundo artigo do Laboratório de Neurofarmacologia da Universidade Pompeu Fabra, na Espanha, publicado em janeiro de 2020, o efeito do THC em um modelo de endometriose em camundongos reduziu as medições da dor e limitou o desenvolvimento de cistos endometriais.

O tratamento da dor secundária da endometriose constitui um desafio histórico na prática clínica e muitos destes tratamentos são à base de hormônios, com uma série de efeitos colaterais. Dor na parte inferior das costas e do abdômen, dor na pélvis, vagina ou no reto, dor durante a relação sexual, menstruação irregular e outros desconfortos são alguns sintomas da doença.

De acordo com artigo da Medical Cannabis Network, os órgãos pélvicos femininos possuem uma densidade muito alta de receptores canabinóides, fazendo com que o tratamento da endometriose com medicamentos à base de cannabis seja promissor, principalmente nos sintomas desse distúrbio. “Os receptores canabinóides são locais onde as substâncias medicinais da planta se ligam e produzem seus efeitos medicamentosos”, explica a Dra. Maria Teresa Jacob, médica que atende pacientes com a cannabis medicinal.

Uma pesquisa online feita na Austrália, entrevistou um grupo de mulheres diagnosticadas com endometriose, avaliando o uso do óleo de CBD para o tratamento da doença. As pacientes relataram que de todas as técnicas alternativas e complementares utilizadas, a cannabis foi uma das mais eficazes, controlando significativamente a dor.

“A endometriose, patologia relativamente frequente entre mulheres na fase reprodutiva, compromete enormemente a qualidade de vida pela dor severa e por complicações genito-urinárias. Estudos demonstram que a cannabis atua na melhora da dor, com recuperação da qualidade de vida e diminuição de complicações”, completa a médica, que também é especialista em dor crônica. Já existem dois ensaios clínicos com fitocanabinóides em andamento, a fim de confirmar e trazer evidências mais robustas no uso da cannabis medicinal para um tratamento eficaz contra a endometriose e outras doenças ginecológicas.

Sobre a Dra. Maria Teresa Jacob

Formada pela Faculdade de Medicina de Jundiaí em 1981. Pós graduanda em Endocannabinologia, Cannabis y Cannabinoides na Universidade de Rosário, Argentina. Realizou residência médica em Anestesiologia no Instituto Penido Burnier e Centro Médico de Campinas. Possui Título de Especialista em Anestesiologia, Título de Especialista em Acupuntura e Título de Especialista em Dor. Especialização em Dor, na Clinique de la Toussaint em Strassbourgo, França em 1992, Cannabis Medicinal e Saúde, na Universidade do Colorado, Cannabis Medicinal, em curso coordenado pela Dra. Raquel Peyraube, médica uruguaia referência mundial na área. Membro da Society of Cannabis Clinicians (SCC), da International Association for Canabinoid Medicines (IACM), da Sociedade Internacional para Estudo da Dor (IASP), da Sociedade Brasileira para Estudo da Dor (SBED), da Sociedade Internacional de Dor Musculoesquelética (IMS) e da Sociedade Européia de Dor (EFIC). Atua no tratamento de Dor Crônica desde 1992 e há alguns anos em Medicina Canabinóide em diversas patologias na Bem – Centro de Saúde e Bem Estar, Campinas.

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