Cientistas pesquisam se Covid pode infectar o pênis

Um estudo realizado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo mostrou que homens que tiveram Covid-19 podem apresentar alterações em resultados hormonais e de fertilidade. Nos Estados Unidos, outra pesquisa revelou que o coronavírus é capaz de infectar o pênis e os testículos de macacos rhesus — e os cientistas acreditam que o mesmo aconteça com seres humanos. As duas descobertas ajudaram a chamar a atenção para o sistema reprodutivo masculino, que também pode ser afetado, alerta o médico Frederico Muller, por outro vírus, o papilomavírus humano (HPV). Chefe do setor de oncologia do Hospital Marcos Moraes, no Méier, Zona Norte do Rio, ele explica que HPV, normalmente associado ao câncer de colo de útero, pode também provocar câncer no pênis. “Embora seja raro e represente 2% do total de casos da doença, é impactante porque, dependendo do estágio da descoberta, pode levar a cirurgias de mutilação, com a amputação do pênis, o que provoca consequências físicas, sexuais e psicológicas”, diz Muller.

É preciso ficar atento, portanto, a qualquer alteração, seja ela na glande, prepúcio (pele retrátil que encobre a glande) ou no corpo do pênis. Pequenas feridas que não cicatrizam, espessamento ou mudança de cor do pênis ou do prepúcio são os sintomas mais comuns de câncer no órgão, diz Muller. Outro indício de que há algo errado é o aparecimento de ínguas (gânglios aumentados) na virilha. “O problema costuma atingir homens a partir dos 50 anos, embora também possa afetar os mais jovens”, diz o oncologista do Hospital Marcos Moraes.

Para prevenir o câncer de pênis, é preciso tomar alguns cuidados, como manter a limpeza diária adequada do órgão, principalmente após relações sexuais, e usar sempre camisinha, que reduz as chances de contágio do HPV e de outras doenças sexualmente transmissíveis. Outro cuidado é realizar a cirurgia de fimose (condição que impede a exposição da cabeça do pênis, dificultando a higiene).

A boa notícia é que há vacina para o HPV, e ela está disponível nas unidades básicas de saúde. Para os meninos, a imunização deve ocorrer dos 11 aos 14 anos. “Vacinar precocemente, antes de a pessoa ter contato com o vírus, é muito importante porque garante uma proteção maior”, diz Muller, lembrando que, para as meninas, a prevenção começa mais cedo, aos 9 anos.

Embora seja um método simples de evitar a disseminação do HPV, dados da Sociedade Brasileira de Imunização mostram que, de 2013 a 2020, a cobertura da vacinação deixou a desejar. Somente 57,9% dos garotos receberam a primeira dose e a segunda atingiu apenas 36,4% do público-alvo masculino. “Muitos pais acham que é cedo levar as crianças para vacinar, já que elas ainda não têm vida sexual, mas é neste momento que é importante a imunização”, diz o médico.

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