Dentre as principais ações que precisam ser tomadas estão a utilização de tecnologias como os passaporte da vacinação e a organização dos dados
Nos últimos dias, o Brasil registrou mais de 60% de pessoas que tomaram as duas doses, ou a dose única das vacinas contra a Covid-19, algo que tornou possível a volta dos eventos presenciais. Porém, novos desafios se apresentam nesse cenário, dentre eles, estão o controle dos dados de vacinação, integração entre as informações dos Estados e possíveis fraudes com os cartões de vacinação em papel. Especialistas da área afirmam que a melhor forma de combater esses problemas é com a utilização de tecnologia, unindo os setores público, privado e da sociedade civil.
Everton Cruz, CEO da startup franco-brasileira Mooh!Tech, empresa de tecnologia desenvolvedora de aplicativos para a saúde e controle vacinal, corrobora com a afirmação e acrescenta ainda a necessidade de organização dos dados vacinais da população. “Precisamos de organização ou prejudicamos o processo de vacinação que está avançado no país. Para isso, é necessário realizar essa curadoria dos dados para evitar fraudes que possam ocorrer. Não basta apenas um comprovante de papel que pode ser facilmente alterado. A tecnologia precisa estar junto aos eventos, shows, baladas, como forma de trazer mais segurança para os seus frequentadores e dar mais tranquilidade aos empresários que são os donos do estabelecimento”, afirma o executivo.
No início deste mês de novembro, o Estado de São Paulo liberou shows em pé, baladas e eventos com 100% do público. A permissão ocorreu, após o registro de mais de 87% da população do Estado ter sido vacinada. Para Everton, ainda são necessários avanços no uso da tecnologia como forma de trazer mais segurança para os locais.
“O trabalho tem que ser realizado sob dois aspectos: no cadastro e registro de dados de vacinados e na utilização da tecnologia para trazer mais segurança para as pessoas nos locais onde serão realizados os eventos presenciais. Desta forma, o poder público, a iniciativa privada e a população, precisa estar consciente e trabalhando em conjunto, para que possamos evitar transtornos futuros, como a volta da circulação do vírus”, completa Everton. O executivo afirma ainda que o País precisa avançar muito em relação aos dados da área da saúde, seja na iniciativa privada ou no setor público. Um exemplo claro é a falta de integração das informações entre Estados da federação. Por exemplo, se alguém tomar uma dose em um Estado e a segunda dose em outro, há a possibilidade desta pessoa ser considerada como não imunizada.
“A integração dos dados é um fator que não pode passar despercebido e o caso das doses em trânsito deixa claro isso. Os municípios estão preparados para turistas e visitantes em eventos? Se estão, vão utilizar qual aplicativo e qual forma de checagem dos dados da vacinação? Para tudo isso, precisamos ter um banco de dados integrado, em que os prontuários e cartões de vacinação nas instituições públicas e privadas sejam armazenados. Apenas assim, o poder público, empresários e órgãos fiscalizadores poderão realizar os eventos com segurança”, declara.
Segundo Everton, essa questão se tornará mais clara em eventos marcados para o final do ano. Em levantamento recém publicado pela empresa Decolar, o Rio de Janeiro poderá ter 100% de ocupação nos hotéis para os eventos no final de 2021. Diante disso, o executivo afirma que com as projeções atuais, é necessário se precaver.