Andréa Prestes*
Todas as instituições são constituídas com o propósito de entregar um produto ou serviço de qualidade ao público-alvo, ter bons resultados e prosperar em seu segmento de atuação. Ninguém, em sã consciência, inicia um negócio pensando em fracassar. Inclusive, as empresas sem fins lucrativos esperam resultados positivos para que possam reinvestir e melhorar as suas entregas, bem como se sustentar ao longo do tempo. As organizações de saúde tendem a investir altas cifras em equipamentos modernos, técnicas e tecnologias inovadoras e estrutura física de alto padrão, para que os olhos de seus clientes brilhem ao adentrarem no ambiente; porém, muitas se esquecem de um dos principais pilares para que os resultados sejam atingidos: o investimento nas pessoas da organização!
Quando nos referimos a investir nas pessoas, é para além de programas de altos salários, incentivos, premiações, brindes ou eventos comemorativos. É claro que isso tudo é desejável e pode compor um programa de reconhecimento e retenção dos profissionais da instituição. Contudo, uma das melhores e mais efetivas formas de valorização que pode existir por parte de uma organização é o desenvolvimento das competências de seus colaboradores. Neste momento, você pode estar questionando a obviedade desta afirmação, principalmente em instituições em que a saúde das pessoas é o core do negócio e, para prestar atendimento de qualidade aos pacientes, é preciso dispor de profissionais bem preparados. Sim, de fato, apesar de parecer óbvio este entendimento, não é tão comum encontrar organizações com esta maturidade na gestão de pessoas.
As organizações que potencializam e desenvolvem as competências dos seus colaboradores estão trilhando o caminho mais rápido, seguro e confiável para a ampliação dos resultados positivos e a sustentabilidade do negócio no longo prazo, onde todos saem ganhando. Estão, com toda a certeza, um passo à frente dos seus concorrentes.
O desenvolvimento das pessoas nas organizações precisa ser compreendido como um investimento e sustentado como um processo de “ganha-ganha”. Vou explicar: a empresa, ao desenvolver as competências de seus colaboradores, também se beneficia de melhores entregas das atividades realizadas, aumenta a satisfação do seu público interno, desenvolve o sentimento de pertencimento das pessoas da organização, que se alinham aos propósitos institucionais, atendem melhor os pacientes, geram mais satisfação ao público externo e fidelizam os clientes.
Já o colaborador, quando aproveita a oportunidade de aperfeiçoamento e desenvolvimento de novas competências ofertada pela empresa, passa a se sentir mais seguro, mais efetivo em suas atividades, com mais aptidão para assumir novas e maiores responsabilidades, e pode se tornar um profissional com alto grau de empregabilidade, o que o deixa com sentimento de confiança ampliado, e, com isto, ingressa em um ciclo virtuoso de crescimento, o que também favorece a organização.
E, para que tudo isso seja viabilizado, é necessário que as instituições possuam bons líderes. São eles que darão o tom, promoverão o desenvolvimento das pessoas e conduzirão o time para o alcance dos resultados esperados. Para tal, os líderes precisam “conhecer minimamente quem são as pessoas que compõem o seu time, quais são suas aptidões, como se relacionam com o ambiente de trabalho, e criar condições internas para que elas possam, e queiram, entregar o seu melhor” (PRESTES, 2019, p. 50).
As lideranças devem ter um olhar sistêmico de todo o negócio e promover a interface interna entre processos e pessoas, buscando o melhor aproveitamento de todos os recursos disponibilizados pela organização. Com esta visão ampliada, é possível que o líder consiga cumprir o seu fundamental papel de inspirar, influenciar e engajar as pessoas (PRESTES, 2019) para a execução do que precisa ser feito, de acordo com os objetivos institucionais.
É esperado que o líder possua visão clara e sistêmica do negócio; assuma responsabilidades; seja capaz de criar um clima propício e harmonioso para os colaboradores executarem suas atividades e se desenvolverem; seja resiliente; transforme ideias em ação; compartilhe conhecimento; crie o sentimento de pertencimento dos profissionais ao propósito institucional; estimule o aprendizado na prática; dê feedback assertivo; trabalhe com planejamento; e gerencie o tempo (PRESTES, 2019).
Diante de tudo o que se espera de um líder, será que ele precisa ser um herói? Definitivamente, não. O que, de fato, é necessário, em primeiro lugar, é que as lideranças sejam desenvolvidas e busquem o autodesenvolvimento, pois uma equipe não pode ser o que o seu líder não é: é preciso ser congruente.
Já que o desafio listado é grande, apresentamos uma boa notícia: “uma das possibilidades mais fantásticas que o ser humano possui é a capacidade de aprender. Podemos aprender tudo aquilo que desejarmos. Com investimento de tempo, dedicação, foco, treino e disciplina, temos a possibilidade de nos tornarmos bons naquilo que almejamos” (PRESTES, 2019, p. 54).
Referência PRESTES, Andréa. Liderança e pessoas. In: FBH – FEDERAÇÃO BRASILEIRA DE HOSPITAIS. Manual do Gestor Hospitalar. Brasília: FBH, 2019. p. 50.
* Gestora em Saúde, MBA em Lean Six Sigma, life-executive-positive coach, mestranda em Gestão da Saúde, CEO do Andrea Prestes Institute (API) e general manager da American Accreditation Commission International (AACI).