André Luiz Forchesatto*
O comportamento da sociedade mudou, e o professor Clay Shirky possui uma frase que explica esse novo momento que estamos vivenciando: “A revolução não acontece quando a sociedade utiliza novas ferramentas, e, sim, quando adota novos comportamentos”. A atenção aos dados será, sem dúvida, o diferencial para nos adaptarmos a esse novo comportamento.
Qual é o impacto dos dados na melhoria da saúde? Estamos vivendo uma verdadeira transformação na maneira com que consumimos produtos e serviços. Estudos demonstram que, de 2010 até 2019, o número de usuários da internet cresceu em 1.114%, alcançando a incrível marca de 56% da população mundial.
Mais da metade de toda a população do mundo está, hoje, conectada e gerando informações em redes sociais, aplicativos de celular e páginas de conteúdo. Essa quantidade de opções de conteúdo on-line proporcionou um aumento de mais de 1.000% no volume de dados consumidos no smartphone e mais de 300% em notebooks ou desktops. Outro dado que impressiona, especialmente em 2020 e 2021, é o aumento no uso dos e-commerces. Se compararmos 2019 a 2020, as vendas nessa modalidade cresceram 205%, gerando mais de R$ 1,3 bilhão em vendas em todo o Brasil.
Com esse volume gigante de dados, a tendência é que, cada vez mais, a gestão das clínicas e o acompanhamento dos pacientes sejam baseados em dados. Todas as instituições estão ou estarão passando por uma revolução na maneira com que desenvolvem a gestão de suas empresas. Especialmente na área da saúde, a gestão baseada em dados ou data driven será o novo guia que irá auxiliar a promover uma melhoria constante no relacionamento do profissional de saúde com o paciente.
O que é uma gestão data driven? Data driven nada mais é que um adjetivo que qualifica ações direcionadas por dados, isto é, alicerçados na coleta e na análise de dados. No mundo dos negócios, quer dizer colocar os dados na base da tomada de decisão e do planejamento estratégico, procurando fontes confiáveis em vez de administrar a organização simplesmente por intuição.
A intenção é utilizar a análise computacional de grandes volumes de dados (big data), a fim de resolver problemas e conseguir insights, utilizando machine learning e tecnologias de inteligência artificial. Evidentemente, estamos falando de um meio de dados digitais, os quais podem ser combinados, coletados e interpretados para oferecer informações valiosas.
Dessa forma, as organizações data driven são as que fazem o planejamento, a execução e a gestão baseados em dados reais, usando soluções guiadas por algoritmos para conseguir desenvolver sua inteligência corporativa. Ao fazer a transformação de dados em respostas para que o negócio obtenha sucesso, essas organizações ficam à frente da concorrência e se desenvolvem bem mais rápido, ajustadas à transformação digital.
Quais as vantagens em utilizar?
- Decisões mais confiáveis: com a ajuda dos dados, fica muito mais fácil determinar o que é prioridade e o que não é;
- Maior capacidade de predição: o administrador pode diminuir o estoque para o mês seguinte, por exemplo, se identificar que há uma tendência de queda na execução de determinado procedimento;
- Base para a atuação dos colaboradores: ajuda os colaboradores a serem mais independentes, por conhecerem melhor os dados do negócio. Exemplo: para quem devo ligar essa semana perguntando se o paciente ficou bem após o procedimento?
- Facilidade na determinação do retorno sobre o investimento (ROI): quanto você gasta por cada paciente que passa pela clínica? E quanto estou cobrando?
- Identificação de oportunidades, tendências e ameaças ao negócio: devo investir em telemedicina? Quais são meus concorrentes?
- Redução dos custos do funil de marketing: quanto é investido para conquistar novos pacientes?
Como adotar em minha clínica?
A adoção pelas clínicas pode ser iniciada de forma simples: coletando dados do dia a dia do estabelecimento: quantos faltam, quais procedimentos foram executados, em quanto tempo, quais os diagnósticos mais comuns, qual origem dos meus pacientes. Esses dados fornecem uma visão mais analítica para o negócio e melhoram o relacionamento com os pacientes. Com o tempo e estudo mais aprofundado, pode-se, então: investir na tecnologia para mensurar os dados; formular metodologias para interpretar os dados; disponibilizar exemplos de data driven em reuniões; treinar os seus colaboradores na cultura de decisões por dados; estimular a utilização de dados em todos os departamentos; avaliar os resultados e as informações estratégicas regularmente.
* CEO da Clínica nas Nuvens. Professor dos cursos de Tecnologia da Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC) e da pós-graduação em Java da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).