Boa comunicação entre o casal e o obstetra durante o pré-natal pode trazer informações importantes para a desmitificação do sexo na gravidez
Nesse mês das gestantes, é válido falar sobre um assunto que gera muita insegurança por parte dos casais, a atividade sexual. Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), a sexualidade é um aspecto fundamental na qualidade de vida de qualquer ser humano, sendo importante até no período da gravidez.
As mulheres, em especial, preocupam-se com a possibilidade do sexo afetar o bebê. No entanto, uma boa comunicação entre o casal e o obstetra durante o pré-natal pode trazer orientação de qualidade com informações importantes para a desmitificação do sexo na gravidez.
A psiquiatra, Carmita Abdo, membro da Comissão de Sexologia da Federação Brasileira de Ginecologia Obstetrícia (Febrasgo) e Coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade (ProSex) da Faculdade de Medicina da USP, pontua que “durante a gestação o sexo pode e deve ser praticado, caso o casal sinta desejo e a gestação esteja evoluindo bem. É óbvio que a gestante passará por mudanças físicas, as quais podem ocasionar o desinteresse de um dos parceiros ou do casal pela relação sexual. Nesse caso, o diálogo é a melhor conduta, para se chegar a um consenso a respeito do que fazer”.
A médica destaca que vale ressaltar a adoção de alguns cuidados extras. O obstetra deverá orientar a gestante de que posições sexuais mais ousadas ou “acrobáticas” não são recomendadas. Não é a relação em si, mas são os movimentos bruscos, exagerados ou traumáticos que podem causar risco à gestação e ao feto. Como por exemplo um tombo da cama, um trauma violento na barriga. Portanto, a penetração em si não oferece perigo (se a gravidez correu bem). São os exageros nos movimentos que devem ser evitados. Por isso, a gestante deve se nortear, durante o sexo, por movimentos como os praticados numa dança ou caminhada.
“O casal deve optar por posições e práticas que sejam agradáveis para ambos. A orientação é fazer sexo dentro de um padrão mais tradicional, na posição clássica (homem por cima da mulher), enquanto o volume abdominal permitir. O obstetra pode sugerir as posições laterais, a invertida (mulher por cima do homem) e jogos eróticos ou alternativas sexuais, como fazer sexo sem penetração, sexo oral, masturbação mútua ou outras práticas nas quais a mulher se sinta mais confortável e protegida” enfatiza Carmita.
O sexo na gravidez prejudica o bebê em algum momento?
A especialista explica que a atividade sexual na gestação ainda é um assunto tabu para muitos casais, suas famílias e a sociedade. Além das alterações hormonais, os mitos e as convenções de ordem cultural, social e religiosa podem influenciar o exercício da sexualidade neste período.
Por mais que a mulher seja esclarecida, ela pode cultivar essa ideia errônea ou, pelo menos, a alimenta com dúvidas do tipo: pode ou não o pênis chegar até próximo do útero? O sêmen atravessa a barreira placentária? O pênis pode tocar no feto? Na dúvida, ela prefere abdicar da atividade sexual, mesmo se estiver interessada.
“Bem orientada, ela permite a atividade sexual que não prejudica, mas beneficia pelo prazer que proporciona”, salienta Dra. Carmita.
Quando grávidas não podem fazer sexo?
A médica esclarece que até o nono mês, se o obstetra atestar que a gestação é saudável, não há contraindicação para o sexo. “A restrição à atividade sexual , a critério médico, decorre de patologias como placenta prévia, alto risco de prematuridade, trabalho de parto prematuro, necessidade de ficar internada para segurar a gestação, rompimento da bolsa antes da hora ou, ainda, colo do útero curto”, evidencia Carmita.