Um novo olhar para os embriologistas

Aline Azevedo*

A embriologia na reprodução humana assistida surgiu na Inglaterra em 1978, quando nasceu a primeira bebê de fertilização in vitro (FIV), Louise Brown. Ao longo desses anos, tivemos muitos avanços científicos, tecnológicos e profissionais que mudaram bastante o mercado e o fizeram crescer. Mas, uma embriologista pode falar sobre mercado ou mudanças? Isso é “eticamente” permitido?

As normativas mínimas para o exercício da profissão baseiam-se em exigir do profissional de laboratório uma graduação concluída na área da saúde, habilitação em embriologia, ou título de capacitação, seis meses de experiência comprovada ou acompanhamento integral de, pelo menos, 50 ciclos de FIV/injeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI), atualização mínima anual por meio de cursos, treinamentos, congressos e registro ativo no conselho de classe.

Estamos falando de uma profissão que exige habilidades e conhecimentos, como: pensamento científico, experiência, ética, disponibilidade, domínio do inglês, estudo continuado, habilidade manual e, acima de tudo, amor no seu dia a dia. A importância e a relevância do laboratório de embriologia e da figura do embriologista para os pacientes sempre foram fundamentais dentro de um serviço de reprodução humana. Mas, hoje, é preciso ter voz e, mais ainda, participação na jornada do paciente.

Vivemos uma realidade em que as informações estão nas mãos dos pacientes de forma rápida. O novo paciente chega com uma bagagem de conhecimento e sabe exatamente a importância de cada profissional envolvido em sua jornada dentro de uma clínica.

A jornada requer cuidado e atenção com a experiência do paciente. Experiência significa acolhimento, acesso, diálogo, atendimento. Os pontos mencionados aqui não estão descritos nas exigências de funções que eu mencionei acima. Então, o que devemos fazer para suprir essa necessidade dos pacientes?

Cumprir as exigências técnicas de um cargo é obrigatório, isso não tem discussão. Lidamos com a vida, não existe meio termo. Contudo, é preciso criar conexão entre pacientes e todas as áreas de um serviço, não apenas com o corpo clínico e com a enfermagem (que realizam suas atividades de maneira exemplar), mas, também, com a embriologia.

Hoje, as tecnologias e os equipamentos dentro do laboratório avançaram muito. Pode até parecer um processo técnico e “frio”, mas não é. Precisamos de muito amor, experiência profissional e segurança em cada etapa. O procedimento dentro de um laboratório exige cuidado, atenção, comprometimento e relacionamento com o paciente.

Já não somos mais os profissionais que permanecem no laboratório. Nossas portas estão abertas; o relacionamento existe em várias etapas da jornada de um paciente, e nosso apoio profissional e acolhimento fazem a diferença na vida desses pacientes.

O mercado mudou e a visão do mercado mudou. Precisamos acompanhar essas mudanças.

* PhD. Embriologista, sócia-fundadora da Clínica Inventre.

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