Médica chama a atenção para uma IST silenciosa, que pode causar infertilidade
À medida que o Carnaval se aproxima, os ritmos festivos e a alegria contagiam as ruas, mas é crucial lembrar que a celebração não pode ofuscar a importância da saúde reprodutiva, especialmente quando se trata de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST). No centro dessa preocupação, destaca-se uma IST silenciosa e ameaçadora: a clamídia. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a cada ano, aproximadamente 92 milhões de novos casos dessa infecção surgem em todo o mundo. No Brasil, quase 2 milhões de novos casos acontecem anualmente, evidenciando a relevância de abordar essa questão de forma séria e preventiva.
“Essas bactérias, muitas vezes assintomáticas, agem sorrateiramente, causando inflamações e lesões nos órgãos reprodutivos, especialmente nas tubas uterinas. A ausência de sintomas torna a infecção difícil de ser identificada, tornando-se uma ameaça silenciosa à fertilidade”, alerta a especialista em reprodução assistida, Cláudia Navarro.
Segundo ela, a inflamação das tubas pode comprometer os mecanismos de captação do óvulo, fertilização e condução do embrião, resultando em dificuldades para engravidar ou gravidezes ectópicas, que apresentam riscos à saúde da mulher. “A clamídia e a gonorreia, segundo a OMS, são responsáveis por cerca de 25% dos casos de infertilidade, afetando 15% das mulheres e 10% dos homens”, afirma a médica.
Dessa forma, a prevenção continua sendo a melhor abordagem, com o uso de preservativos em todas as relações sexuais. “Dada a dificuldade de diagnosticar a clamídia nos exames ginecológicos de rotina, é fundamental que as pacientes solicitem exames de sangue específicos ao médico. Em caso de resultado positivo, exames adicionais, como raios-X das tubas, podem ser necessários para avaliar danos causados pela bactéria”, explica.
O tratamento da clamídia envolve o uso de antibióticos, e, uma vez curada, a mulher pode retomar a capacidade de engravidar normalmente. No entanto, em casos mais avançados, a retirada das tubas pode ser necessária, limitando as opções de concepção e tornando métodos de reprodução assistida, como a fertilização in vitro, a única alternativa viável.
Aumento de casos de IST preocupa
Em um contexto mais amplo, os dados do Boletim Epidemiológico de 2022 do Ministério da Saúde revelam um aumento preocupante nos casos de ISTs no Brasil e no mundo. O crescimento de 15% nos casos de infecção pelo vírus HIV e os 360 mil casos de sífilis acumulados entre janeiro de 2018 e junho de 2020, exigem uma conscientização contínua sobre a importância do uso de preservativos e a realização de exames regulares.
“Neste Carnaval, enquanto nos envolvemos na folia, é fundamental manter o equilíbrio entre a celebração e a responsabilidade com a saúde reprodutiva. A conscientização sobre a clamídia e a adoção de medidas preventivas, como o uso de preservativos, são fundamentais para garantir que a festa seja segura e que a saúde reprodutiva permaneça protegida”, conclui Navarro.