Estudo alerta sobre a falsa necessidade de reposição de testosterona em mulheres

A maioria dos testes não são precisos para essa finalidade e são raros os casos em que a reposição é necessária

Um estudo recente divulgado na revista científica The Lancet Diabetes & Endocrinology traz um alerta sobre a eficácia dos testes comuns de testosterona para as mulheres. Chamados de imunoensaios, esses testes podem apresentar resultados errados quando os níveis de testosterona são baixos, fazendo com que haja uma reposição desnecessária do hormônio.

O médico endocrinologista André Vianna explica que mesmo se os níveis de testosterona se mostrarem baixos nesses testes, isso não significa que a mulher tem deficiência hormonal. “A verdade é que essa reposição nunca deve ser indicada para uma mulher. São raríssimos os casos em que isso é realmente necessário”, afirma Vianna, que alerta para as consequências da reposição indevida de testosterona para a saúde feminina.

Ele explica que a reposição de testosterona é indicada de forma equivocada para sanar problemas como falta de libido e indisposição. “A testosterona em mulheres aumenta a libido, melhora a perda de gordura e traz uma sensação boa de uma maneira geral. Mas os riscos que a reposição de testosterona traz são muito maiores do que os benefícios. E em muitos casos os sinais do excesso são tardios”, reforça o endocrinologista. Entre as principais consequências, destaca-se a perda de cabelo, engrossamento da voz, alteração genital, aumento de clitóris, acne e oleosidade da pele, além de um maior risco de câncer e outras doenças.

Testes de testosterona em mulheres

Por ser um hormônio masculino, a concentração de testosterona em mulheres já é naturalmente baixa em comparação aos homens, o que abre brechas para uma avaliação equivocada nos testes. “Como nos homens os níveis são mais altos, é fácil detectar quando há um déficit do hormônio. Mas no caso das mulheres, o normal já é baixo. Então muitas vezes alguns médicos e pacientes interpretam esse resultado com a falsa necessidade de reposição hormonal, o que é muito perigoso”, explica Vianna.

Para ter certeza dos resultados, os especialistas recomendam um método mais avançado e preciso, chamado LCMS. Este método é usado em testes antidoping e consegue medir a testosterona de maneira muito mais detalhada e confiável, mesmo com uma pequena amostra de sangue. “Diagnosticar falta de testosterona em mulheres é um grande equívoco e temos visto cada vez mais pessoas do sexo feminino utilizando esse hormônio sem necessidade e correndo sérios riscos de saúde. Os testes de testosterona em mulheres devem ser utilizados apenas para se diagnosticar o excesso do hormônio, não a falta dele”, finaliza Vianna.

 

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