Um caso intrigante surpreendeu o mundo nos últimos dias, a americana Victoria Hill realizou um teste genético para saber mais sobre a sua ancestralidade. A vontade em saber mais sobre seus antepassados surgiu após a mulher passar por alguns problemas de saúde que seus pais não tinham sofrido.
Dessa forma, Victoria comprou um kit de teste de DNA e encaminhou as amostras para uma empresa de genética. O resultado revelou que ela era filha biológica do médico que realizou a fertilização in vitro em sua mãe e que possuía mais 22 irmãos, sendo um deles, um ex namorado da época do colégio.
O profissional de reprodução humana, Burton Caldwell, afirmou na época do tratamento de fertilização da mãe de Victoria que concluiria o procedimento usando sêmen doado. Os novos irmãos da Victoria, afirmaram que Caldwell é suspeito de utilizar sem consentimento os próprios sêmens nas pacientes.
De acordo com Nilo Frantz, especialista em reprodução humana da Nilo Frantz Medicina Reprodutiva, a situação não é inédita, mas acende um alerta sobre a necessidade de normas jurídicas que possam resguardar ainda mais pacientes que possam enfrentar situações do tipo e punições sérias aos profissionais que violarem a ética da profissão.
“Neste caso, houve uma falha grave do profissional que realizou o procedimento da mãe de Victoria. Em primeiro lugar, em casos de fertilização in vitro, caso não seja usado o sêmen do parceiro da paciente é utilizado o de um doador, e esse doador não pode conhecer o receptor e vice-versa. O Conselho Federal de Medicina brasileiro possui uma resolução que fala sobre a proibição de médico responsável por clínicas, unidades ou serviços participarem como doador nos programas de reprodução assistida”, explica Frantz.
Com a mãe de Victoria e com as outras 22 mulheres que passaram pela mesma situação, mesmo que fosse permitido, não houve consentimento para que fosse utilizado o material genético do profissional.
O especialista reforça que no Brasil e em outras partes do mundo ainda não existem legislações específicas que contribuam na regulamentação da reprodução assistida e possa punir profissionais que tenham atitudes danosas deste tipo.
“Esses acontecimentos trazem sérias consequências que mudam a história de uma família inteira com danos irreparáveis. Por isso, é de extrema importância que seja de fato elaborada uma lei não apenas no Brasil, mas em outros países ao redor do mundo que possam proteger as técnicas reprodutivas, respaldar pacientes e profissionais que trabalham de forma séria para realizar sonhos e trazer novas possibilidades aos pacientes. Enquanto a lei não existe, o Conselho Federal de Medicina (CFM) é o órgão que contribui para a defesa do aperfeiçoamento das práticas e da obediência aos princípios éticos e bioéticos”, explica o especialista.