Com acompanhamento médico especializado e controle da doença, mulheres com lúpus, artrite e outras condições autoimunes podem realizar o sonho da maternidade
A maternidade é um desejo comum para muitas mulheres, mas quando o diagnóstico de uma doença autoimune entra em cena, surgem dúvidas e receios sobre a possibilidade de engravidar e levar a gestação de forma segura. A boa notícia é que, com os avanços da medicina e o controle adequado da condição clínica, a gravidez é não apenas possível, como pode ser bem-sucedida em muitos casos.
“Hoje em dia, muitas mulheres com doenças autoimunes conseguem engravidar e ter filhos saudáveis, desde que a gestação seja cuidadosamente planejada e acompanhada por uma equipe multidisciplinar”, afirma a Dra. Sandra Weber, ginecologista e membro da AMCR (Associação Mulher, Ciência e Reprodução Humana do Brasil). “O mais importante é que a doença esteja controlada antes da concepção e permaneça estável durante toda a gestação.”
Entre as doenças autoimunes que mais impactam a fertilidade e a gravidez estão o lúpus eritematoso sistêmico, a síndrome do anticorpo antifosfolípide (SAF), a esclerose múltipla, a artrite reumatoide e a tireoidite de Hashimoto. Essas condições podem interferir em processos como ovulação, implantação embrionária e desenvolvimento fetal, além de aumentarem o risco de complicações gestacionais.
De acordo com a especialista, as doenças autoimunes afetam a fertilidade principalmente por meio de alterações hormonais, inflamação sistêmica, danos diretos aos órgãos reprodutivos e distúrbios de coagulação. “Mulheres com essas condições podem ter mais dificuldade para engravidar naturalmente, e algumas enfrentam riscos maiores durante a gestação, como abortos de repetição, pré-eclâmpsia, parto prematuro e restrição de crescimento fetal”, explica a Dra. Sandra.
Apesar dos desafios, o avanço das técnicas de reprodução assistida tem sido uma aliada importante nesses casos. Procedimentos como a fertilização in vitro (FIV) podem ajudar casais com dificuldades causadas por doenças autoimunes a concretizar o sonho de ter filhos. Além disso, o congelamento de óvulos ou embriões pode ser indicado para preservar a fertilidade antes do início de tratamentos mais agressivos.
O diagnóstico da doença autoimune durante a gravidez também exige atenção especial. A orientação é informar imediatamente o obstetra, para que o acompanhamento multidisciplinar seja iniciado o quanto antes. “É essencial que o tratamento da mãe seja adaptado para proteger o bebê sem comprometer a saúde da mulher. Muitos medicamentos são seguros na gestação, mas a decisão deve ser feita com cautela e base científica”, pontua a médica.
O controle da doença durante a gestação envolve consultas regulares, exames laboratoriais frequentes e, quando necessário, ajustes na medicação. “Com planejamento, informação e suporte médico adequado, é possível minimizar os riscos e garantir o melhor desfecho possível para mãe e bebê”, conclui a Dra. Sandra Weber.