Janeiro Branco – a importância da prevenção da saúde mental perinatal

O Janeiro Branco, mês de conscientização sobre a saúde mental, recorda o quanto é importante o assunto, mas precisamos falar disto durante todo o ano. Isso porque aumentou a demanda de queixa do burnout materno nos consultórios de saúde. Por um lado, uma boa notícia: o cuidado com a saúde mental materna pode atingir mais pessoas, mostrando um reflexo de um desequilíbrio social no cuidado com os filhos. O burnout é um quadro clínico de adoecimento psíquico associado à uma doença ocupacional; a uma relação disfuncional com o trabalho.

Mas, o que isso teria a ver com a maternidade? E por que o burnout está associado às mães? O cuidado delas com os filhos é um trabalho invisibilizado, com pouco suporte social. “A falta de amparo pode gerar um quadro de exaustão e adoecimento emocional. As mães estão sobrecarregadas por uma rotina que envolve trabalhar fora, cuidar dos filhos, fazer a gestão da casa e da família. Precisamos sensibilizar os parceiros e o entorno familiar para a divisão dos cuidados de forma igualitária, criar políticas públicas de amparo a parentalidade, espaços sociais comunitários para amparo a infância, e a inclusão de crianças nos espaços sociais,” diz a psicóloga, Juliana Tfauni, responsável técnica e supervisora de saúde mental da Theia, plataforma de cuidados online, focada em preconcepção, pré-natal, parto e pós-parto.

A criação dos filhos não deveria ser função e preocupação exclusiva das mães e das famílias nucleares, deveria ser uma preocupação coletiva, um cuidado de todos. O direito à licença maternidade e paternidade remunerada para ambos pode ser uma alternativa, assim como uma assistência em saúde que inclua a rede de apoio durante a jornada de pré e pós-natal. Pesquisas apontam que não existe qualidade de vida sem saúde mental perinatal, é melhor intervir de forma oportuna e profilática, pois isso melhora os desfechos em saúde.

Diagnóstico oportuno e precoce

Por que falamos muito sobre isso? Sem dúvida, ajuda a barrar uma cascata de desfechos desfavoráveis que pode ter impacto na saúde mental da mulher e na constituição do vínculo com o bebê. A família pode ajudar bastante, estando atenta aos fatores de risco e procurar ajuda se necessário. É importante dar apoio à mulher nessa fase tão desafiadora e, ao mesmo tempo, sensível, como ficar com o bebê para que ela possa descansar, tomar um banho demorado, oferecer a ajuda que ela permita, comida gostosa, louça lavada.

É importante também lidar com os próprios estigmas e tabus relacionados à saúde mental. O nascimento desse bebê que, por vezes é recebido pela família com muita alegria, pode encobrir o olhar para a tristeza materna. Essa condição é esperada por conta da montanha russa hormonal experimentada neste período, além do impacto emocional que a chegada de um filho traz e precisa ser legitimada.

“Precisamos desconstruir imaginários socioculturais que colocam os cuidados maternos como algo natural e instintivo. Aprender a se amar com os bebês, cuidar deles no vínculo e na dança que se dá no puerpério e, que por muitas vezes é dançada de um jeito bem desengonçado, é desafiador, e tudo bem. Poder naturalizar o “não saber materno” ajuda as mulheres a se acolherem nestes primeiros contatos iniciais com o pequeno. Por outro lado, negligenciar o cuidado, pode ter consequências no futuro. É preciso olhar para quem está do nosso lado”, finaliza a psicóloga.

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