Especialistas destacam a segurança, o menor impacto e o perfil de reversibilidade como aspectos positivos do novo contraceptivo, que combina estetrol e drospirenona
A Revista Evolution, referência em medicina reprodutiva, acompanhou na última sexta-feira, 28, o lançamento de um novo contraceptivo oral, que combina estetrol – um estrogênio idêntico ao natural – com drospirenona. O evento, realizado em São Paulo, reuniu jornalistas, especialistas em medicina reprodutiva e representantes da farmacêutica Libbs para discutir os desdobramentos dessa formulação, que apresenta mecanismo de ação com impacto reduzido no metabolismo, coagulação e função hepática.
“Este contraceptivo foi analisado durante toda a fase reprodutiva da mulher, da menarca à perimenopausa, o que demonstra o cuidado na verificação dos aspectos de segurança”, reforçou o ginecologista e mastologista, Achilles Cruz.
Outro ponto de destaque foi a decisão da farmacêutica Libbs de produzir o medicamento no Brasil. Segundo Anna Guembes, diretora de desenvolvimento de negócio da empresa, o lançamento foi adiado em dois anos para garantir a autonomia na produção e evitar riscos de desabastecimento. “Sabíamos que tínhamos um produto inovador em mãos, mas decidimos priorizar a segurança e a disponibilidade para o mercado brasileiro”, explicou.
Presente no lançamento do novo contraceptivo, a médica ginecologista Hitomi Nakagawa, membro do conselho editorial da Revista Evolution, enfatizou a relevância dos dados observados durante o evento. “A composição do contraceptivo, que utiliza um hormônio similar ao natural produzido no fígado fetal, associado a uma progesterona, possibilita a redução da retenção de líquidos e minimiza variações no perfil metabólico e nos parâmetros de coagulação, que são fatores que mais preocupam as mulheres”, destacou.
*Desinformação*
Hitomi também chama atenção para outro dado, apresentado durante o evento, que reforça a necessidade de mais informações técnicas e confiáveis na área da medicina reprodutiva e do planejamento familiar.
“Vimos que a busca por informações sobre anticoncepcionais na internet é muito mais expressiva no Brasil do que em outros países que contam com uma população maior, como os Estados Unidos. Estamos falando da busca por informações como segurança e eficácia de contraceptivos, e essas informações estão espalhadas em sites genéricos, o que reforça a necessidade de se dar ênfase a fontes especializadas e à orientação dos profissionais de saúde e usuárias para garantir a segurança das pacientes”, acrescenta Hitomi.
Sobre o perfil de reversibilidade da nova medicação – com a possibilidade de restabelecimento da fertilidade no mês subsequente à interrupção do uso – Hitomi também destaca como um ponto importante do novo contraceptivo para as mulheres que planejam a gestação.
Com a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2023 e a comercialização já iniciada, o lançamento marca a entrada do produto no mercado nacional, com a expectativa de atender uma base expressiva de usuárias já neste primeiro ano.