Março lilás: entenda por que vacinar é importante para evitar o câncer de útero

Dia Internacional de Conscientização do HPV reforça também a importância da imunização

A vacinação contra o HPV é peça-chave na prevenção das infecções pelo Papilomavírus Humano. Implementada em 2014 pelo Ministério da Saúde, essa medida ganha destaque no Dia Internacional de Conscientização do HPV, celebrado em 4 de março. E o Março Lilás intensifica a campanha, focando na prevenção do câncer do colo do útero.

Indicada, preferencialmente, para meninas entre 9 e 14 anos; meninos de 11 a 14 anos, ou adultos até 26, ela é aplicada em duas doses, com intervalo de seis meses. A estimativa do Ministério da Saúde é que, de 2023 a 2025, cerca de 17 mil mulheres sejam diagnosticadas com o tumor, causado pelo papilomavírus humano (HPV).

Câncer de útero

Segundo o Instituto Nacional do Câncer – INCA, a doença tem desenvolvimento lento e pode não apresentar sintomas na fase inicial. Nos casos mais avançados, pode evoluir para sangramento vaginal intermitente (que vai e volta) ou após a relação sexual, secreção vaginal anormal e dor abdominal associada a queixas urinárias ou intestinais.

O exame citopatológico Papanicolau, também conhecido como exame preventivo, desempenha um papel complementar no arsenal de prevenção do câncer relacionado ao HPV. Esse exame é específico para detectar o câncer de colo de útero, sendo recomendado para mulheres entre 25 e 64 anos que tenham tido atividade sexual. Mesmo com a vacinação, as mulheres não estão isentas da realização do Papanicolau que pode apontar outras alterações.

E, uma das consequências das infecções causadas pelo HPV é o câncer de útero e seus possíveis efeitos, como a infertilidade. De acordo com a especialista em Reprodução Assistida, Cláudia Navarro, ela pode acontecer por motivos diferentes, dependendo do tipo de tratamento indicado.

“A primeira questão é a radioterapia, tratamento mais comum nesse tipo de câncer. Como o tratamento será diretamente no órgão, ele pode ser afetado anatomicamente e causar alguma dificuldade para engravidar no futuro”, diz.

A médica explica que a segunda é a cirurgia que, dependendo da forma e indicação, pode também causar lesões no órgão, dificultando a gravidez. Há casos, inclusive, de necessidade da retirada total do órgão. “A terceira, a quimioterapia, embora não seja a rotina, quando indicada, pode comprometer os óvulos da mulher”, afirma a especialista.

Gravidez possível

Cláudia considera que é papel fundamental do médico aconselhar a paciente e orientá-la sobre o congelamento de gametas antes do início do tratamento. “É uma alternativa viável. O procedimento é feito por meio da indução da ovulação, com medicamentos seguros, que possibilita a coleta dos óvulos”, explica a especialista.

Após o tratamento para o câncer, e com plenas condições de saúde, esses óvulos congelados podem ser utilizados de formas distintas. “Primeiro, ela deve recorrer ao parceiro ou doador anônimo para realizar a fertilização in vitro (FIV)”, diz a médica.

“Se o útero foi preservado durante o tratamento para o câncer, ela mesma poderá engravidar. Caso o órgão tenha sido retirado, a paciente pode ainda optar pela barriga solidária”, conclui.

Sobre Cláudia Navarro:

Cláudia Navarro é especialista em reprodução assistida. Graduada em Medicina pela UFMG, titulou-se Mestre e Doutora em Medicina (obstetrícia e ginecologia) pela instituição federal. E, durante muitos anos, trabalhou ao lado do Prof. Aroldo Fernando Camargos, desde a fundação do Laboratório de Reprodução Humana do Hospital das Clínicas da UFMG – HC.

Atualmente, a médica atua na área de reprodução humana na Life Search, trabalhando principalmente os seguintes temas: infertilidade, reprodução assistida, doação e congelamento de gametas.   

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