*Dr. Wagner Matheus
Muito tem se falado de IA, robotização e tecnologia de ponta para a condução de doenças severas. Recentemente, outro termo tem ganhado o repertório da comunidade médica: a “medicina de precisão”, ou medicina personalizada.
De forma simples, a medicina de precisão engloba o desenvolvimento de técnicas de customização dos tratamentos em saúde, justificando os enormes avanços na compreensão molecular dos maiores variados tipos de cânceres.
Para contextualizar, na Uro-Oncologia – área em que exerço meu papel como médico -, é o estudo e tratamento relacionado ao tumor no sistema urogenital, principalmente o câncer de próstata, bexiga, rins e testículos. Envolve a utilização de informações genéticas, moleculares e clínicas para entender melhor a biologia individual de um tumor e adaptar o tratamento de acordo com as características específicas do paciente. Aqui estão algumas maneiras de como a medicina de precisão está sendo aplicada na uro-oncologia:
– Perfil molecular do câncer: realizando testes genéticos e moleculares para identificar mutações específicas ou marcadores moleculares presentes no tumor do paciente. Isso pode nos ajudar a determinar quais terapias são mais adequadas, evitando tratamentos que não sejam eficazes ou que possam causar efeitos colaterais desnecessários.
– Seleção de terapias-alvo: com base nas características moleculares do tumor pode-se escolher terapias-alvo que visam diretamente as mutações ou vias biológicas específicas envolvidas no crescimento do câncer. Isso pode incluir medicamentos direcionados a proteínas específicas que são super-expressas ou mutadas no tumor.
– Imunoterapia: é uma abordagem que estimula o sistema imunológico do paciente a atacar as células cancerígenas. Na Uro-Oncologia, a medicina de precisão pode ser usada para identificar pacientes que são mais propensos a responder à imunoterapia com base em suas características moleculares e imunológicas.
– Monitoramento da resposta ao tratamento: a medicina de precisão também pode ser útil no monitoramento da resposta do paciente ao tratamento ao longo do tempo. Testes moleculares podem ser repetidos para avaliar se o tumor está respondendo ao tratamento ou se está desenvolvendo resistência, permitindo ajustes no plano de tratamento conforme necessário.
Em resumo, a medicina de precisão está transformando a forma como abordamos o tratamento do câncer urogenital, permitindo uma abordagem mais individualizada e direcionada para cada paciente. Isso pode levar a melhores resultados e uma redução nos efeitos colaterais associados aos tratamentos tradicionais.
Avante!
*Dr. Wagner Matheus é presidente da Sociedade Brasileira de Urologia – seccional São Paulo. Tem doutorado e mestrado em Cirurgia pela FCM-UNICAMP, membro do grupo de Uro-Oncologia do HC-UNICAMP e orientador da Pós-Graduação de Cirurgia FCM-UNICAMP. Seu foco tem sido à dedicação de cirurgias urológicas relacionadas a Uro-Oncologia, doenças da próstata, laparoscopia e robótica.