Mitos e verdades sobre congelamento de óvulos antes da quimioterapia

Dr. Mauricio Chehin, especialista em reprodução assistida do Grupo Huntington, esclarece o que o congelamento de óvulos realmente oferece às pacientes oncológicas e onde estão seus limites

Receber um diagnóstico de câncer já traz angústia suficiente. Quando surge a possibilidade de preservar a fertilidade antes do tratamento, muitas mulheres se deparam com informações conflitantes e expectativas irreais sobre o congelamento de óvulos. O Dr. Mauricio Chehin, especialista em reprodução assistida do Grupo Huntington, referência nacional em medicina reprodutiva, esclarece os mitos, verdades e nuances que poucos mencionam sobre esse procedimento crítico.

A verdade que poucos contam

“O congelamento de óvulos é uma ferramenta poderosa de preservação da fertilidade, mas não é uma garantia de gravidez futura”, afirma Dr. Chehin. “É fundamental que as pacientes tomem decisões informadas, compreendendo tanto as possibilidades quanto às limitações reais do procedimento.”

Segundo dados da American Society for Reproductive Medicine (ASRM), publicados no Canadian Medical Association Journal¹, a taxa de nascimento vivo por óvulo congelado varia entre 2% e 12%, dependendo principalmente da idade da paciente no momento do congelamento.

Um estudo robusto publicado no PubMed Central², envolvendo análise de múltiplos centros de fertilidade, demonstrou que mulheres com menos de 35 anos que congelam 15 óvulos têm aproximadamente 70% de chance de ter um bebê no futuro. Com 25 óvulos, essa probabilidade sobe para cerca de 95%. “Já aos 38 anos, essa mesma quantidade de 15 óvulos oferece chances significativamente menores, em torno de 30-40%”, explica o especialista.

Os mitos mais perigosos

Mito 1: “Congelar óvulos garante uma gravidez futura”

A verdade: O congelamento preserva potencial, não certeza. Estudos demonstram que a taxa de sobrevivência dos óvulos ao descongelamento varia entre 85% e 95%³. Nem todos os óvulos que sobrevivem ao descongelamento fertilizam, e nem todos os embriões gerados se desenvolvem adequadamente. Pesquisas no Guy’s Hospital, em Londres, mostram uma taxa média de fertilização de 67% após o descongelamento⁴.

Mito 2: “Qualquer quantidade de óvulos é suficiente”

A verdade: O número importa significativamente. “Para pacientes oncológicas, frequentemente trabalhamos contra o tempo. Idealmente, buscamos coletar pelo menos 15-20 óvulos de boa qualidade, mas isso nem sempre é possível antes do início urgente da quimioterapia”, alerta o médico. Segundo a Ovarian Cancer Research Alliance⁵, a taxa de sucesso por óvulo individual em pacientes oncológicas pode variar entre 3% e 9%.

Mito 3: “A quimioterapia sempre destrói a fertilidade”

A verdade: O impacto varia conforme o tipo de quimioterápico, dose, idade e reserva ovariana prévia. De acordo com o MD Anderson Cancer Center⁶, alguns tratamentos têm baixo risco gonadotóxico, enquanto outros, como agentes alquilantes em altas doses, apresentam alto risco de insuficiência ovariana prematura. Em pacientes com câncer de mama, estudos indicam que até 70% podem desenvolver insuficiência ovariana prematura após certos protocolos de quimioterapia⁷.

O que ninguém te contou

  1. O fator tempo é o maior desafio

“Em oncologia, cada dia conta. O protocolo padrão de estimulação ovariana leva 10-14 dias⁸, tempo que nem sempre está disponível”, explica Dr. Chehin.

Felizmente, avanços recentes mudaram esse cenário. Pesquisas publicadas na Reproductive BioMedicine Online⁹ demonstram que protocolos de início rápido (random start) permitem iniciar a estimulação ovariana em qualquer fase do ciclo menstrual, não apenas nos primeiros dias após a menstruação. “Na Huntington, utilizamos esses protocolos avançados que podem reduzir significativamente o atraso no início do tratamento oncológico, sem comprometer a qualidade ou quantidade dos óvulos coletados”, destaca o especialista.

Um estudo sistemático de 2021, envolvendo 1.653 mulheres com câncer¹⁰, confirmou que o início aleatório da estimulação (random start) produz resultados comparáveis ao protocolo convencional, com apenas ligeiro aumento no tempo de estimulação e consumo de medicamentos.

  1. Nem todas as pacientes são candidatas

Cânceres hormônio-sensíveis, como alguns tipos de câncer de mama, exigem cuidados especiais. Estudos do Memorial Sloan Kettering Cancer Center¹¹ recomendam o uso de letrozol ou tamoxifeno durante a estimulação ovariana em pacientes com tumores receptor de estrogênio positivo (ER+), para manter os níveis de estrogênio controlados.

“Em alguns casos, o risco de estimular o crescimento tumoral ou o atraso no tratamento oncológico simplesmente não justifica o procedimento. A decisão deve ser sempre tomada em conjunto com o oncologista”, pondera Dr. Chehin.

“Nossa abordagem é baseada em três pilares: velocidade, personalização e transparência”, explica o especialista. “Oferecemos atendimento prioritário para pacientes oncológicas, com protocolos adaptados à urgência de cada caso, incluindo a utilização de protocolos de início rápido quando necessário. Mais importante ainda: temos conversas honestas sobre expectativas realistas.”

O Grupo Huntington, com três décadas de experiência em reprodução assistida, mantém um programa específico para preservação de fertilidade oncológica, com equipe multidisciplinar que inclui oncologistas parceiros, psicólogos e especialistas em reprodução assistida.

“Nosso compromisso não é vender esperança, mas oferecer possibilidades reais com informação de qualidade. Cada mulher merece tomar essa decisão entendendo completamente o que está em jogo, incluindo tanto os benefícios potenciais quanto as limitações do procedimento”, conclui o especialista.

Sobre a Huntington Medicina Reprodutiva

 

A Huntington atua há 30 anos como especialista em medicina reprodutiva, sendo nacionalmente reconhecida pela excelência médica, pioneirismo e inovação para ofertar aos pacientes tratamentos com critérios internacionais de qualidade.

 

Os procedimentos são para tratamento de infertilidade masculina, feminina e do casal divididos em aconselhamento genético, coito programado, congelamento de óvulos, doação de gametas, tratamento de endometriose, espermograma, fertilização in vitro, inseminação intrauterina, oncofertilidade, tecnologia time-lapse e procedimentos para casais homoafetivos.

 

Atualmente, a Huntington faz parte do Grupo Eugin, referência mundial em reprodução assistida. São mais de 1500 profissionais e 30 clínicas ao redor do mundo, em 9 países.

NOTÍCIAS
MAIS LIDAS

Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o número de procedimentos nesta faixa etária quase dobrou…
Dr. Mauricio Chehin, especialista em reprodução assistida do Grupo Huntington, esclarece o que o congelamento de óvulos…
No dia 24 de outubro de 2025, a Faculdade Esuda, em Pernambuco, foi palco da Segunda Jornada…
White Paper lançado no dia 13 de outubro indica que estrogênios naturais são mais seguros e podem…

CADASTRE-SE PARA RECEBER NOSSA NEWSLETTER E REVISTAS