Cerca de 50% das mulheres podem se tornar inférteis após tratamentos oncológicos, segundo a Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida
Oncofertilidade é um campo de estudo da medicina que busca diminuir as chances de infertilidade após o câncer. De acordo com a Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA), cerca de 50% das mulheres podem se tornar inférteis após tratamentos oncológicos. Além disso, a infertilidade devido ao tratamento do câncer não atinge somente as mulheres.
A quimioterapia e a radioterapia são tratamentos essenciais para os pacientes oncológicos, no entanto, a maneira como eles interagem com as células podem ocasionar a perda da fertilidade. O tipo de cirurgia para o tratamento do câncer também pode comprometer a fertilidade quando envolve os órgãos genitais.
“A infertilidade por conta do tratamento oncológico depende de alguns fatores como a idade, quanto mais idade tiver o paciente maiores são as chances, assim como dos tipos e dosagens necessárias dos medicamentos utilizados. Nesse cenário, a oncofertilidade busca alternativas para que a fertilidade dos pacientes possa ser preservada ou recuperada. O tempo disponível antes de iniciar as sessões de quimioterapia, radioterapia ou cirurgia é fundamental para decidir a melhor técnica de preservação da fertilidade”, explica Augusto Takao Akikubo Rodrigues Pereira, oncologista na Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.
Em alguns casos, o tipo de câncer em si pode impactar a fertilidade do paciente, porém, o especialista também ressalta que não são todos os tratamentos e nem todos os tumores malignos que impactam nesse fator.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), entre 2023 e 2025 surgirão cerca de 704 mil novos casos de câncer por ano, sendo que a região sul e sudeste concentra 70% da incidência dos casos. Os tipos mais incidentes em homens e mulheres – exceto pelo câncer de pele não melanoma – são o câncer de mama e de próstata, respectivamente.
Quando o tratamento impacta na fertilidade?
Com isso, a importância de entender a forma que alguns tratamentos podem impactar no sonho da maternidade ou paternidade. Fábio Rios, ginecologista na Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, aponta os principais aspectos que fazem parte da infertilidade após o câncer.
“Dentro do estudo da oncofertilidade, buscamos analisar diversos fatores para compreender quais as possibilidades de perda da fertilidade, o que depende de em qual órgão o tumor está alojado, o estágio da condição e os tratamentos adotados para o câncer”, comenta o ginecologista.
Além disso, é importante enfatizar que quanto mais precoce for a descoberta da doença, maiores as chances de não ter problemas com a infertilidade. Segundo um relatório de 2023 da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 17,5% da população adulta mundial passa por problemas com a infertilidade.
Segundo o especialista, os tipos de câncer que mais podem afetar a fertilidade são o câncer de próstata, o câncer de colo de útero, o câncer de ovário e, mais raramente – dentro da faixa etária reprodutiva –, o câncer de endométrio. Por todos estes tipos se alojarem no sistema reprodutor isso aumenta as chances de causar infertilidade.
“Quando há a possibilidade de diminuição ou perda da fertilidade, o assunto é tratado com o paciente para que seja possível encontrar alternativas caso ele deseje ser pai ou mãe, seja por meio de técnicas de reprodução assistida, como o congelamento de óvulos/espermatozóides, ou até, se possível, a escolha de um tratamento que cause menor impacto na fertilidade”, afirma Rios.
No Brasil, cerca de 51 mil mulheres terão câncer de colo de útero até 2026, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), sendo que 90% dos casos podem ser prevenidos com a vacina nonavalente do HPV. Dentro disso, estima-se que cerca de 71.730 novos casos de câncer de próstata ocorrerão por ano entre 2023 e 2025.