Tramita na justiça pedido que pode facilitar inseminação caseira, entenda os riscos

Especialista em reprodução humana explica os problemas de fazer o procedimento sem amparo médico

Um pedido do Instituto Brasileiro do Direito da Família (IBDFAM) solicitando facilidades para a realização de inseminações caseiras está tramitando no Conselho Nacional de Justiça e causando polêmica. Apesar das normas atuais preservarem a saúde da mulher e da criança que será gerada, para o IBDFAM elas podem ser uma forma de preconceito para quem não possui condições de pagar um tratamento de reprodução assistida e também prejudicar casais homoafetivos.

“A prática vem crescendo a cada dia e consiste na busca por uma amostra de sêmen, doado ou comprado, que será inserido no corpo da mulher receptora por meio de uma seringa ou cateter. Muitas vezes, mulheres buscam em redes sociais encontrar um homem disposto a ceder ou vender seus gametas”, conta o Dr. Nilo Frantz, especialista em reprodução humana da Nilo Frantz Medicina Reprodutiva, em São Paulo.

De acordo com uma das justificativas do pedido de mudança das regras, com a inseminação caseira, muitos casais homosexuais, possuem dificuldade ao tentar registrar a criança com dupla maternidade/paternidade, já que atualmente apenas em procedimentos de reprodução assistida com base nas normas do CFM e com aval de um especialista é possível registrar a dupla maternidade/paternidade. Com uma possível mudança, o aval do especialista seria descartado, o que poderia colaborar com quem não possui acesso a um tratamento mais caro.

“Na tentativa de fugir dos custos envolvidos em um processo de Inseminação Artificial, muitas pessoas optam pelo método caseiro como uma alternativa para engravidar. No entanto, é preciso saber que a inseminação artificial caseira esconde graves riscos à saúde das mães e dos bebês”, afirma o Dr. Nilo Frantz, especialista em reprodução humana da Nilo Frantz Medicina Reprodutiva, em São Paulo.

Enquanto na inseminação caseira os sêmen são obtidos sem o ato sexual e em seguida introduzidos na vagina sem o respaldo de um profissional, na inseminação artificial permitida pelo Conselho Federal de Medicina, tanto o sêmen doado quanto a mulher que irá recebê-lo passam por uma série de exames que garantem a saúde do embrião e de sua futura mãe.

Frantz afirma que na inseminação caseira existe um risco maior de transmissão de doenças.

“O material biológico não passa por uma análise adequada, o maior risco é a possibilidade de transmissão de doenças como a infecção genital e a contaminação do sêmen por vírus como HIV e hepatites. Além do perigo de existir traumatismos vaginais devido a manipulação errada da seringa e dos demais materiais utilizados”, explica o especialista.

Além disso, Frantz explica que o CFM além de determinar que os doadores do sexo masculino tenham no máximo 45 anos de idade, a doação precisa ser anônima e sem nenhum acordo financeiro entre o receptor e o doador.

“Todos os doadores fazem exames antes da coleta do sêmen e 6 meses após a doação. Medida que segue as normas da Anvisa e garante a segurança em torno de todo o processo de doação”, conclui o especialista.

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